Contracapa
A produção de café contribui com valores expressivos ao PIB brasileiro e à balança de comércio exterior. No entanto, nossa exportação é concentrada em café verde, que será industrializado em outros países, criando empregos, gerando impostos e agregando valor longe daqui.
A intenção brasileira de avançar na agregação de
valor do café, explorando oportunidades no mercado
interno e externo, defronta-se com interesses comerciais e industriais enraizados dentro e fora do país, que terminam por perpetuar o Brasil como simples fornecedor de matéria-prima.
No entanto, o Brasil é o único país que pode formatar estratégias que atendam simultaneamente a todas as
demandas do mercado do café, através de inovação industrial, evolução da qualidade da bebida, valorização da origem, responsabilidade ambiental, entre muitas outras.
Este estudo aborda sistemicamente o processo comercial e industrial dos principais países produtores e consumidores de café no mundo, debatendo os principais fluxos e interesses envolvidos na atividade. Ao final, propõe a sistematização de políticas públicas e de estratégias de negócio coordenadas para o reposicionamento estratégico da cadeia produtiva do café, em busca de maior agregação de valor a esta importante atividade econômica.
A Metrópole Soluções Empresariais é uma empresa
focada em gerar soluções rápidas e eficazes para seus
clientes e tem orgulho de ter conduzido o estudo que
originou esta obra.
Apresentação
Carlos Augusto Grabois Gadelha
Secretário de Desenvolvimento da Produção/MDIC
Embora o Brasil seja o maior produtor e o maior exportador mundial de café, o país não tem conseguido agregar valor às exportações desse produto, fato que não é condizente com a sua posição de líder mundial na produção primária desse grão.
Apresentando ampla diversidade de regiões produtoras, de qualidades de café e de modelos tecnológicos de produção, o Brasil, em 2014, foi responsável por 32,16% da produção mundial, e aproximadamente 30% das exportações mundiais. No entanto, é preciso aumentar as exportações de maior valor agregado que representaram, em 2014, somente cerca de 8,5% do valor total exportado pelo Brasil.
Enquanto o Brasil precisa fortalecer o seu papel nos mercados de maior valor agregado, as importações de café torrado e moído aumentaram mais de 15 vezes desde 2002, chegando ao equivalente a 48,5 mil sacas em 2014, ou US$ 60 milhões. No caso de produtos inovadores no setor, em 2014 o país importou 440 milhões de cápsulas de café, o que representou aumento de 50% em relação às importações de 2013.
Desta forma, é importante que o Brasil ganhe espaço em todos os mercados de maior valor agregado, além do café solúvel, no qual já é um player importante. Porém, mesmo esse subsetor apresenta gaps ou falhas, lapsos de competividade, que se manifestam na diminuição da participação relativa do Brasil nas exportações deste tipo de produto, a despeito do aumento constante do consumo de café solúvel em quase todo o mundo.
Vários países que não plantam café compram a matéria-prima brasileira e industrializam o produto, competindo com o Brasil pela participação em seus mercados internos e em terceiros países. Isso demonstra que a produção agrícola em quantidade e qualidade, por si só, não é suficiente para garantir o desenvolvimento competitivo da cadeia produtiva à jusante.
Assim, diante do desafio de agregar valor ao café nacional, a Secretaria do Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (SDP/MDIC) contratou este estudo visando a "Sistematização de Políticas Públicas e de Estratégias de Negócio para o Reposicionamento Estratégico das Indústrias Processadoras de Café no Brasil".
Nosso intuito ao fazê-lo foi de buscar compreender em maior profundidade, e de forma sistêmica, os potenciais de agregação de valor ao café brasileiro e delinear os caminhos possíveis e necessários para desenvolvê-los, dentro de uma visão aderente à realidade.
Neste esforço foram fundamentais a participação e contribuições técnicas dos diversos atores da cadeia produtiva, desde os produtores de café, torrefadores e demais indústrias processadoras, entidades de pesquisa, órgãos do governo, parlamentares ligados ao setor, especialistas, e respectivas entidades representativas, que compartilharam conhecimentos e perspectivas que nos permitiram ter como resultante o estudo que ora publicamos com a pretensão de que possa contribuir para a construção de um novo patamar de desenvolvimento da cadeia produtiva do café no Brasil.
Esta iniciativa se insere na perspectiva da SDP/MDIC de diversificação produtiva e agregação de valor como base de uma estratégia estruturante de competitividade.
Sumário
Apresentação / 7
1. Introdução / 11
2. Procedimentos metodológicos / 17
2.1. Tipo de pesquisa / 17
2.2. Fontes de dados / 19
2.3. Modelo analítico / 20
2.4. Procedimentos / 24
3. Produção, comércio internacional e
indústria / 27
3.1. Mundo / 27
3.2. Brasil / 43
4. Comércio e consumidor: atualidades e
tendências / 69
5. Visão sobre o mercado do café em países
selecionados / 79
5.1. União Europeia / 80
5.2. Colômbia / 91
5.3. EUA / 95
5.4. Japão / 100
6. Agregação de valor ao café / 107
6.1. Nichos de mercado – especialidades e certificados / 109
6.2. Café solúvel / 126
6.3. Café torrado e moído / 128
6.4. Importação de café verde – impactos econômicos / 131
7. Formação de arranjos produtivos locais / 149
7.1. Minas Gerais / 151
7.2. Espírito Santo / 154
7.3. São Paulo / 155
7.4. Potenciais APLs do café / 155
8. Análise e caminhos para agregação de valor ao café do Brasil:
Aplicação do modelo analítico / 163
8.1. Café torrado e moído para o mercado interno brasileiro / 163
8.2 - Café torrado e moído para exportação / 169
8.3. Café verde para nichos de mercado – Especialidades e
certificados / 174
8.4. Café solúvel / 178
8.5. Matriz SWOT resultante da aplicação do modelo analítico / 183
9. Proposta de ações para a cadeia produtiva
do café / 187
9.1. Café torrado e moído para consumo interno / 187
9.2. Café torrado e moído para exportação / 189
9.3. Café solúvel / 190
9.4. Café verde – Especialidades e nichos / 191
9.5. Cadeia produtiva em geral / 192
10. Considerações finais / 195
Referências / 201
Anexo A - Roteiro de entrevista / 211
Anexo B - Lista de entrevistados / 213
Anexo C - Países produtores de cada tipo de café para composição das cotações nas Bolsas de
Londres e de Nova Iorque / 215
Anexo D - Zonas de Processamento de
Exportação no Brasil / 217 |