Contracapa
Charles Pimentel da Silva,
editor
Marina nasceu para ser uma criança amável e feliz e, mais que isso, para revelar a mãe gigante que a trouxe ao mundo. Marina despertou em Cláudia uma transformação pessoal profunda – em termos de disciplina e habilidade emocional –, que a psicologia positiva até explica na teoria, mas só o amor incondicional traduz na prática.
Tudo começou quando Cláudia descobriu malformações ósseas e neurológicas em sua filha. ''O chão se abriu!", disse ela, tomada por medo, impotência e um grande pesar diante da possibilidade de que Marina não pudesse conquistar autonomia física.
Contudo, aguerrida, Cláudia foi se recuperando, e o luto se transformou em luta, durante um longo período de cuidados intensivos dedicados à sua filha, cheio de altos e baixos emocionais a cada vez que elas enfrentavam tratamentos arriscados e desgastantes de tirar o fôlego.
Desistir? Jamais. Cláudia fez de tudo para se manter firme em sua busca por qualidade de vida para Marina, e obteve ótimos resultados. Com base no autoconhecimento, essa mãe investigou-se e reinventou-se várias vezes. Nesse processo, acabou forjando uma extraordinária habilidade de autoinfluência, chamada neste livro de "poder pessoal", o mesmo que permite o controle das emoções e a compreensão das nossas razões internas.
Trata-se de hábitos importantes para se chegar às grandes conquistas da vida. Nestas páginas, Cláudia fala disso e de muito mais...
Prefácio
Clarissa Guimarães Goelzer
Cuiabá, verão de 2023
Quando recebi o convite de Cláudia, minha amada cunhada, para escrever o prefácio de seu primeiro livro, senti-me honrada e não poderia, em meio às loucuras da vida agitada, escrever de qualquer jeito. Resolvi, por uns dias, refletir sobre a jornada cheia de tormentos pela qual ela e sua família passaram em busca de mais saúde e qualidade de vida para a filha Marina.
Emocionei-me e só encontrei virtudes e fortalezas na Cláudia, conforme lembrava da sua postura altiva diante das adversidades. Em 2018, havia algo grandioso e inquietante dentro dela, a ponto de extravasar... E assim foi! Debruçada sobre pensamentos e ideias – muitas delas produzidas em corredores frios de hospitais, às vezes sob o véu de noites intermináveis –, Cláudia registrou em detalhes os momentos difíceis que a Marina passou e, por extensão, ela também.
Ver, agora, tudo assim reunido é impressionante. É uma história real que tinha mesmo que ser contada, até porque, nas entrelinhas, revela mais do que coragem, determinação e resiliência: fala de uma ligação divina mantida por uma família e de um amor especial que Marina despertou em todos nós.
Muitas palavras lidas aqui retratam o pulsar de sentimentos tão intensos que convidam os leitores à grata redescoberta sobre amor e compaixão. Livros como este, por isso, são capazes de impactar, inspirar e encorajar muitas pessoas a seguirem suas jornadas, enfrentando todos os desafios que a vida lhes apresente, até os mais inesperados.
Enfim, o que permeia estas páginas é um presente de amor desembrulhado para si e para o mundo.
Contracapa
Cláudia Alves Goelzer,
Passo Fundo, outono de 2025
Fazia tempo que eu pensava em escrever um livro sobre as aventuras de uma mãe e de sua família diante da condição física desafiadora de sua filha mais nova. Foram "aventuras" mesmo, dadas as circunstâncias arriscadas e com desfechos incertos que elas viveram, principalmente em hospitais. Pois bem: a mãe sou eu, e a filha mais nova é minha amada Marina.
A Marina nasceu com características de que seria uma pessoa bem baixinha. Até aí, tudo bem. Pouco depois, um ortopedista informou que ela tinha nanismo e que no futuro apresentaria complicações sérias em seu corpo. Nossa, foi um choque! Não é fácil saber – e depois aceitar – que a própria filha terá limitações, nem é fácil desfazer-se de certas expectativas narcísicas nela projetadas.
As complicações foram aparecendo, e a mais séria foi a síndrome da medula presa: quando a medula espinhal fica anormalmente fixada no canal vertebral, causando disfunções no corpo: dores, alterações na marcha e problemas urinários e intestinais. Isso fez com que, desde 2008, eu viesse me reinventando como mãe que oferece cuidados intensivos a uma filha. Nada, porém, comparou-se a 2018, ano em que a Marina precisou ser internada diversas vezes em Porto Alegre para fazer uma cirurgia delicada na base da coluna, o que, posteriormente, ainda demandou três correções no mesmo local.
Na jornada ao lado dela, vivi momentos tão estressantes que parecia que eu ia explodir... Tive medo de perdê-la para uma mesa de hospital; chorei calada e sufoquei gritos de agonia. Lembro de pessoas fazendo indagações do tipo: "Como vocês suportam tanto?" Eu não sabia exatamente a resposta. A Marina foi uma guerreirinha, e eu apenas aguentava, com fé, mas também com ação. Não fiquei parada vendo tudo acontecer e, vale lembrar, sempre contei com o apoio de meu marido, Escobar, e da minha outra filha, Luísa.
Incorporei hábitos de concentração, reformulei cuidados com a própria saúde e – surpreendentemente – comecei a escrever sobre a vida, quente, fumegante e subitamente alheia aos meus planos. As palavras iam-se acumulando, timidamente, num caderno. À medida que desabafava comigo mesma, ia entendendo o papel dos imperativos da vida no meu destino. Apesar de certas memórias me machucarem no início, o ato de exteriorizá-las arejava a consciência, diminuindo mágoas, medos e ansiedades.
Certo dia, perguntei-me: "E isto, para quê? Quem vai se interessar por esta história?" Depois, ao reler tudo no papel e receber o apoio de amigos e familiares, acreditei que, sim, eu tinha protagonizado uma bela história, uma vida de cuidados intensivos, que podia inspirar muitas pessoas a vencerem desafios semelhantes. A aventura ao lado da Marina não demandou que eu me reinventasse apenas como mãe – o que já é bastante –, mas também como ser humano, esposa e empresária.
A maternidade, muitos sabem, pode despertar habilidades latentes. Ser mãe provedora de cuidados intensivos rendeu-me aprendizados excepcionais nos âmbitos da percepção, da estratégia e do autocuidado, os quais me ajudaram a encarar com mais leveza as provações mais duras. Algumas, erroneamente, eu insistia em potencializar, mirando apenas o seu lado insolucionável.
Os imperativos da vida me trouxeram adversidades, e foi ao enfrentá-los que acabei desenvolvendo virtudes especiais, que denomino "fortalezas", ao final deste livro. Juntas, elas constituem o meu "poder pessoal". São elas: a disciplina, a habilidade emocional, a aceitação, a autoestima e a resiliência. A mera aceitação dos imperativos da vida, por exemplo, parece tão fácil... Mas aceitar, por exemplo, que não se é totalmente dono do próprio destino é uma barra bastante pesada. Ninguém está imune a grandes mudanças de vida, e um dia elas batem à porta.
Só podemos enfrentar o que, de alguma forma, aceitamos de fato – seja como um desafio, seja com um problema, uma situação difícil etc. Tal atitude requer maturidade, no sentido de sobrepassar orgulhos e tradições cristalizados em nosso jeito de ser. Depois, sim, podemos dedicar tempo à nossa recuperação.
Quando a Marina nasceu, descobri – como muitos podem imaginar – que minha vida não fluiria exatamente da forma que pensei desde a adolescência. Mas o importante é que fluiu... Em algum momento, após cair na real, precisei desapegar-me de um certo passado, cheio de nuvens densas, e voltar as energias ao que vivia no momento, mirando horizontes mais abertos e claros. Pensando nisso, consegui me adaptar. Antes disso, porém, tive que me conceder a chance de vislumbrar uma outra vida, tão perfeita quanto possível, dentro das novas condições que me eram apresentadas.
Hoje, procuro aceitar o que vem – aprender, adaptar e avançar. Agradecer, idem. Isso de ser feliz dá um trabalhão, viu! Comigo foi assim, mas valeu a pena porque, entre outras coisas, pressupôs vencer dificuldades. Vencer dificuldades dá prazer e é um importante componente da satisfação plena para muitas pessoas. Será que é assim para vocês também?
Não percam os detalhes desta história.
Boa leitura!
Sumário
PREFÁCIO / 9
APRESENTAÇÃO / 11
PARTE 1 – ESTILO DE VIDA / 19
Família: pré-escola da vida / 20
Filho de peixe, peixinho é / 21
A professora e o chef / 22
Time de futebol para fazer o Brasil crescer / 23
Bonecas e roupinhas de papel / 25
A universitária dançarina / 26
Desmandos do coração / 27
Filhos: a razão da felicidade dos pais e também dos seus cabelos grisalhos / 29
Se a vida te dá limões... / 30
Através da roupa / 31
Pra uma festa dessas, não basta só o churrasco / 32
A última a sair do ninho… direto para o altar / 33
Tudo conquistamos juntos / 34
PARTE 2 – O DESAFIO DE SER MÃE / 37
Nasce Luísa, nascem uma mãe e um pai / 38
O efeito ternura – Parte I / 41
Marina, cheia de dobrinhas / 43
Anjinhos são sempre pequenos / 45
A vida é uma caixinha de surpresas / 47
O coração quase saía pela boca / 48
Efeito ternura – Parte II / 49
Pulsões de vida / 51
Adultos, espelho de bebês e crianças / 52
Somos diferentes, isso é o legal da vida / 54
Bullying x esportiva / 55
Ser diferente é lei da natureza / 57
O simples fato de existir / 58
Ficção científica na medicina / 59
Choro: o espetáculo íntimo da alma / 61
O maior desafio… / 63
PARTE 3 – LUTA POR QUALIDADE DE VIDA E PELA PRÓPRIA VIDA / 65
Quem tem amigos tem o mundo – Parte I / 66
O grande dia em Porto Alegre / 67
Quem tem amigos tem o mundo – Parte II / 68
Decúbito ventral / 69
Leis pétreas da natureza / 70
Lutar sim, desistir jamais! / 71
Banho de gato / 74
O nascimento deste livro – Parte I / 76
Tá super bem, né, caturrita!? / 77
Otimistas natos não perdem a essência / 79
Cuida de mim, que eu cuido de você / 80
Esvaziamento do reservatório mental / 82
Num sopro, tudo pode mudar / 83
Um gozo especial e irrenunciável / 84
Obrigada, obrigada, obrigada / 86
Mais uma vez, focar na solução / 87
Tem graça e é de graça / 90
Um médico bonitão / 92
O perigo do falso self / 93
PARTE 4 – A TRANSFORMAÇÃO PARA UMA NOVA VIDA / 97
Família é como um reloginho / 98
Flertando com o autoconhecimento – Parte I / 98
Éramos um time, afinal / 101
Igual a noite, isso também vai passar / 102
Uma inocência sincera / 103
O nascimento deste livro – Parte II / 104
Triunfar com glória é tão bom! / 106
Não basta a seca, ainda vem o gafanhoto / 107
Família unida jamais será vencida / 108
Casca grossa… / 109
Flertando com o autoconhecimento – Parte II / 110
Filhas de Jó / 111
Morrer feliz... mas não já / 113
Memorial descritivo sobre a minha pessoa (por Marina) / 115
PARTE 5 – A CONQUISTA DO PODER PESSOAL (Aprendendo a ser forte) / 119
Poder pessoal / 120
Disciplina / 121
Habilidade emocional / 121
Aceitação / 125
Autoestima / 126
Resiliência / 127
A conquista do poder pessoal / 129
Descortinando a vida / 130
NOTAS DE FIM / 131
REFERÊNCIAS / 155
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