Contracapa
Os organizadores
Em épocas em que correntes advogam a favor da intensificação do chamado "presenteísmo", do esquecimento do passado e do pessimismo e da deses-perança em relação a perspectivas futuras e a qualquer horizonte possível, este coletivo de autores toma como desafio apresentar, em seus contextos de atuação, reflexões oriundas de suas crenças epistemológicas, políticas, éticas e estéticas e, acima de tudo, pedagógicas. Denominaram-nas de "contramarcha", provocada pela leitura e discussão de Ghiggi sobre a proposição de uma pedagogia da contramarcha, a partir da compreensão de Freire a respeito das marchas.
Reforçando a premissa de que nos constituímos como seres históricos, para começar, a obra é prefaciada por dois amigos de trajetória formativa de Gomercindo: Balduino A. Andreola e Danilo R. Streck, que destacam aspectos que reforçam a perspectiva dialógica do nosso homenageado, nos diferentes espaços por onde transita, principalmente, no contexto das edições do Fórum de Leituras Paulo Freire.
Os demais capítulos desta obra trazem discussões sobre a pedagogia e seus profissionais, as (im)possibilidades da educação popular na escola, esperança na América Latina, práticas de formação de professores, universidade pública, reflexões sobre o público e o popular, as dimensões da opressão, Paulo Freire e Edgar Morin, educação profissional e tecnológica, abor-dagens (auto)biográficas, desafios e limites entre as diretrizes curriculares nacionais (DCNs) e a formação do profissional da pedagogia, além de práticas pedagógicas reveladoras das diversas possibilidades de se construir contramarchas.
Abas
Charles Pimentel da Silva,
editor
Com um livro híbrido e saudável como este em mãos, o leitor – estudante, professor ou mesmo o entusiasta educador da mais longínqua comunidade – poderá alimentar seu intelecto de autonomia e esperança, antes mesmo de partilhar as ideias aqui disponíveis.
Se isso acontecer em sin-tonia com os educandos, tanto melhor, inclusive se deles tam-bém o professor nutrir-se para a sua prática pedagógica. Afinal, é isso o que grandes educadores propõem (como Paulo Freire e Edgar Morin) e outros replicam com inovações (como Gomercindo Ghiggi) e, ainda, outros (de)sistematizam, virando tudo de cabeça para baixo (como os autores deste livro)...
...mas calma aí! Esse é o segredo: transformar, inovar. Senão o pior pode acontecer (ou já aconteceu?): saberes sendo transmitidos, não gerados; sendo estandardizados, não adaptados; destinados às elites, não ao povo; com fins de comodidade, não de felicidade.
Aí chega a pedagogia da contramarcha, a pé, de carro ou de lancha, para mostrar que neste Brasil de tantas desigualdades e pouco emprego (mas de muito trabalho e esperança) há muito ainda por fazer e com quê sonhar.
Carta-prefácio diálogos e parcerias com Gomercindo Ghiggi
Balduino A. Andreola
& Danilo R. Streck
Balduino – Caro amigo e colega Gomercindo. Nós três: tu, o Danilo Streck e eu (Balduino Andreola), estamos indo e vindo, juntos, em diferentes formas de diálogo e parcerias já há muito tempo. Recordo da gente no contexto do Fórum Paulo Freire, há quinze anos... e mais formalmente, de uma mesa redonda em um seminário em Santa Maria... lembro até de muitos outros eventos e papos ocasionais. Eu não ia dizer, mas lembrei que, no século passado, ou melhor, no milênio passado, nós três tínhamos começado a redigir um livro, solicitado por Antonio J. Severino. Era para a Coleção Educação e Conhecimento da Vozes. Quem parou, acho que fui eu, e até sei o porquê. Agora, o Danilo e eu fomos convidados a prefaciar um livro em tua homenagem, sendo organizado por colegas da FURG, com a participação de amigos teus e nossos, de várias universidades. Combinei com o Danilo que nosso prefácio fosse dialogado, à maneira como Freire sempre amava dialogar, mesmo através de numerosos livros escritos em coautoria. O Danilo propôs que eu começasse.
Além de nossos diálogos a três, ou triálogos, se vale o neologismo, lembro agora de muitos outros, na UFRGS, em nossos seminários de doutorado, ou em sessões de orientação, prolongados depois nos meus prazerosos quatro anos como visitante no Mestrado da FAE/UFPel. Ao pensar este início de conversa, fui buscar o significado etimológico de prefácio. E o dicionário latino sabiamente explica: Praefactio, -onis: de "prae" (antes) e "fari" (falar). Trata-se do prelúdio, do preâmbulo, do exórdio de uma fala, de um discurso, no nosso caso, de um livro. Em geral, é o que se lê antes do conteúdo do mesmo. Aqui, nosso prefácio teve que ser escrito antes da obra pronto, o que o tornou mais difícil de preparar.
Neste início de conversa, Gomercindo, vou te "jogar na fogueira", como tu me jogaste, há uns nove anos, naquela tertúlia de amigos, lá na FACED/UFRGS, de que participaram, além de nós dois, o Celso Ilgo Henz, o Humberto Calloni, o Felipe Gustsack, o Fábio da Purificação de Bastos e o saudoso José Fernando Kieling. Depois de lembrar de uma história que, segundo disseste, havias aprendido comigo, foste "ler o livro do Brandão, O menino que lia mundo, falando de Paulo Freire". Prosseguindo, então, disseste:
Eu acabo me lendo nessa história, e aí eu queria te jogar na fogueira. Do agricultor inculto para uma mistificação quase tipológica do colono: o colono de outrora, na cidade, visto como inculto, incapaz, retrógrado, portador da barbárie na civilização. Logo adiante, parece-me que surge um novo jeito de olhar o colono, idealizando a sua vida; todos querem viver uma vida de colono, ou, pelo menos, viver a natureza, companheira cotidiana do colono. Após, surge uma terceira olhada sobre o colono: a compaixão, produzida pela dita civilização. Então, a pergunta poderia ser um pouco esta: [Gomercindo, indagou] "Tu te reconheces no mundo, com as tuas origens de agricultor, grosso, que não sabe falar o português direito, que vivia a cultura do silêncio, da vergonha, do medo em relação ao mundo culto, o mundo da cidade? Como isso aconteceu na tua vida?"
"Como isso aconteceu na tua vida?" Aquela tua pergunta, Gomercindo, mexeu muito comigo, tanto que a resposta em que me delonguei, resultou em quase quatro páginas e meia de um livro. E tu a formulaste porque ela tinha muito a ver também com tua experiência de vida, com tua trajetória de coloninho do interior, sequestrado do aconchego afetuoso de uma família, de um contexto rural, para o exílio prematuro da cidade grande, numa vocação provisória (ou aparente, talvez), mas que abriu o caminho para uma vocação abraçada com todas as energias, com todo o dinamismo do sonho utópico, não idealista, de lutar por um mundo menos desigual, mais belo, fraterno e solidário.
Gomercindo, gostaria de escrever-te, com o Danilo, esta carta-prefácio depois de ler o livro já escrito, como fiz ao prefaciar aquele que organizaste junto de Ana Lúcia S. de Freitas e de Márcia H. K Cavalcante. Assim mesmo, compreendo, emocionado, o espírito com que esta obra foi pensada e escrita. No e-mail que me enviou o professor Vilmar Alves Pereira, li o seguinte:
O grupo PET – Conexões e Saberes da Educação Popular e Sabres Acadêmicos da FURG estará, em 2013, prestando uma homenagem a um grande amigo e colaborador do campo da educação popular: trata-se do nosso amigo professor Gomercindo Ghiggi. Nesse sentido, pensamos em lançar uma obra cuja temática central é a educação popular e a pedagogia da contramarcha.
Nós sabemos muito bem que as contramarchas, historicamente, são muito mais difíceis e desafiadoras do que as marchas, mas sabemos também que, em nossas opções e em nossa práxis pedagógico-política de cada dia, estamos juntos, participando de uma multidão de muitos milhares de educadores populares e de muitos milhões de sujeitos históricos, unidos pela crença de que vale a pena lutar por um novo projeto de sociedade.
Porém, antes de rememorar outros momentos, de tuas e nossas marchas e contramarchas, faço um intervalo de silêncio, porque o Danilo tem outros momentos e outras parcerias contigo a lembrar aqui.
Danilo – "Meu jovem", é assim que costumas iniciar tuas cartas e, por isso, confesso que sinto um misto de constrangimento e vaidade. Constrangimento, porque as marcas do tempo se fazem sentir no corpo da gente e nas memórias que, às vezes, remetem ao "era uma vez". Vaidade, porque, afinal, há outras dimensões de juventude que podemos cultivar ao longo da vida, como continuar fazendo perguntas e buscando respostas, inventando marchas e contramarchas. Então, "meu/nosso jovem", é essa juventude que queremos celebrar contigo!
Em se tratando de um prefácio para um livro cujos capítulos ainda não conhecíamos, tivemos o desafio de introduzir os leitores e as leitoras deste livro a textos que, possivelmente, ainda estivessem sendo redigidos, enquanto desenvolvíamos este diálogo. Recuperando a reflexão sobre o falar antes, estávamos literalmente diante de pré-textos. O livro todo é um pretexto para falar de duas coisas, conforme as orientações repassadas aos autores convidados. Por um lado, é uma forma de recuperar memórias, que muitos de nós trazemos de tua companhia, e possivelmente ninguém melhor que teu ex-orientador (e possivelmente sempre orientador) Balduíno Andreola. Além de ser dotado de uma invejável e aguçada capacidade de lembrar detalhes, o Balduíno é um grande contador de causos. Muitos deles, decerto, vão aparecer aqui para mostrar parte da faceta que te torna uma pessoa querida por tanta gente. Se tens inimigos, imagino que fique por conta deles, porque nunca ouvi referência a isso de tua boca.
Havia, porém, outro lado que deveria compor este livro e que é uma espécie de registro das esperanças que nos movem. Paulo, o apóstolo, disse em algum lugar que, nós, cristãos, estamos desafiados a dar conta da esperança que existe em nós, o que não é nada mais e nada menos do que o desafio de testemunhar a boa nova, o evangelho. O outro Paulo, o educador ecumênico, fala do professor como testemunha do ensinar-aprender. Imagino que alunos teus farão essa parte melhor que nós, mas podes ter certeza de que, quem anda em tua companhia, aprende um bocado de coisas boas.
Essas aprendizagens estariam ligadas, assim entendi a proposta, com as marchas, um conceito de Paulo Freire que tomaste como uma bandeira de reflexão. Retomei esse diálogo num momento (histórico!) em que o país literalmente se encheu de marchas, como profeticamente Paulo Freire anunciou em sua última entrevista à TV PUC, referindo-se aos sem-terra que, então, marchavam em direção a Brasília. "Quero ver o país cheio de marchas!" Compartilhaste a intuição de Paulo Freire de que as mudanças viriam com o movimento da sociedade, como vimos tantas vezes. E esses movimentos e marchas têm algo de imprevisível, tanto que a maioria dos analistas políticos se mostrou surpresa com as vozes que, derrepente, compuseram uma sinfonia de protestos, de perguntas e de propostas do norte ao sul do país.
Introduzo, aqui, a reflexão de um companheiro nosso, Vinicius Lousada, falando das marchas nesses dias e lembrando Paulo Freire:
Multidões se articulam pelas redes sociais e se aglutinam em marchas pela decência e reforma política, pelo respeito aos trabalhadores, pela saúde, trabalho, moradia, segurança e educação de qualidade para todos e todas. Eles e elas marcham pela dignidade com que o povo merece ser tratado, onde os interesses do bem-comum devem estar acima do egotismo de alguns setores da classe dirigente. Muitas são as bandeiras, as intencionalidades que convergem na defesa da ética no trato da coisa pública e da renovação na práxis política.
Muitas marchas se fizeram numa – em diversas cidades – que parece transcender o sectarismo partidário e o seu recado se constitui em um grande basta (!) aos abusos perpetrados pela corrupção e o jogo de interesses que historicamente se firmaram na organização política de nosso país. Enfim, vimos as pessoas organizadas em ações coletivas, onde o povo disse a sua palavra, clamando à classe dirigente, nas diferentes esferas de gestão pública, a edificação da boa política, firmada na ética a favor das gentes, da vida, da retidão na vida pública (Jornal Agora, 26.6.2013).
Vale lembrar aqui que os últimos fóruns de estudos, Leituras de Paulo Freire, tiveram marchas em sua programação. E lá estavas, Gomercindo.
Balduino – Retomando nosso papo, Gomercindo, intercalado ao diálogo do Danilo, relembro um detalhe muito importante, quanto às origens do nosso Fórum Paulo Freire. Foi lá na FAE/UFPel, no período em que fui professor visitante. Um dia tu e um aluno do mestrado deram-me uma sugestão nesse sentido: "Baldô, tu já falaste várias vezes da ideia de criarmos um Fórum de estudos e diálogos em torno da obra de Freire. Por que não mandas uma carta para as faculdades de Educação e aos PPG/EDU, propondo uma reunião para discutirmos esta possibilidade?" Muitas cartas foram enviadas com o apoio do Augusto Deon, da AESUFOPE, hoje presidente do Conselho Estadual de Educação. Ele nos conseguiu os endereços e enviou as cartas. Depois, veio-me o convite para participar como palestrante do Congresso Internacional Paulo Freire, promovido pela Unisinos. Então, mandei outra carta, propondo que, em lugar de um encontro paralelo, fôssemos para o Congresso da Unisinos. E, lá, a comissão organizadora, coordenada por Danilo Streck, reservou um horário para uma sessão, presidida pelo então coordenador do PPG/EDU da Unisinos, o professor Ático Chassot, na qual foi discutido e aprovado o Fórum Paulo Freire, que, a propósito, neste ano, vai realizar sua 15ª Sessão Anual, na FACCAT de Taquara.
Gomercindo, sem enfeites de retórica ou falsos louvores, lembro, com emoção, que tu foste um dos participantes mais assíduos, desde as origens, e uma referência muito importante ao Fórum, por tua liderança apaixonada, carismática e, ao mesmo tempo, desprendida. Parece-me que nunca faltaste. Eu não pude participar de dois eventos, por motivo de doença na família, um em Alegrete, e outro em Passo Fundo.
O que mais me alegra de nossos fóruns são quatro características. A primeira delas, a estrutura e a dinâmica coletivas. O Fórum foi uma criação coletiva e continua sendo construído coletivamente, com total autonomia e criatividade extraordinária da comissão coordenadora de cada sessão anual. Ninguém é dono do projeto e ninguém se sente a estrela maior. Somos uma constelação fraterna e solidária, e, por que não dizer, em clima de muito bom humor. A segunda qualidade a salientar é a itinerância. E nisso há uma feliz variedade de instituições que se ofereceram e continuam se oferecendo para sediá-lo. Dei-me a satisfação de listá-las. Foram cinco universidades federais, cinco comunitárias, quatro confessionais e uma estadual. As federais, por ordem cronológica: UFSM, UFPel, FURG, UFRGS e UFFS; as comunitárias: UNISC, UPF, UNIJUI e URI (juntas) e FACCAT; as confessionais: UNILASALLE, EST, UNISINOS (duas vezes) e PUCRS; estadual: a UERGS. Como terceira característica, gostaria de enfatizar que o Fórum é realmente um espaço dialógico e democrático. Nada de elitismo, aceitando apenas trabalhos de excelência. Aceitam-se também os de iniciantes. Assim mesmo, a garantia de qualidade é salvaguardada, enquanto os participantes estão ligados a instituições e grupos de pesquisa. Além disso, temos os pré-fóruns e outras promoções. Dessa forma, as experiências e as aprendizagens vão acontecendo contínua e progressivamente. Por fim, não poderia esquecer de uma quarta característica, a da extrema criatividade. Não vivemos repetindo Paulo Freire. Como ele sempre quis, sua proposta veio sendo recriada, de inúmeras formas, a partir de diferentes contextos e das mais variadas experiências. Freire, então, veio sendo recriado, inclusive, porque não fazemos dele um mito, enquanto muitos de nós o releem no diálogo com outros pensadores da educação. Enfim, das caminhadas, conquistas e aprendizagens de nosso Fórum, o Danilo tem muito mais coisas a dizer.
Danilo – Acho que os quatro pontos traduzem de forma bem importante as virtudes do nosso Fórum. Mesmo assim, sempre se encontram novos motivos para estarmos contentes com os rumos que essa iniciativa vem tomando. Vou acrescentar outros pontos que acho muito relevantes. Mas por que falar tanto do Fórum num prefácio de um livro que homenageia o Gomercindo? Primeiro, não só porque – como dito pelo Balduino – o Gomercindo está sempre presente, mas porque também foi ele que, em alguns momentos de crise, tomou a frente e não permitiu que os organizadores esquecessem o seu compromisso. Ele fez isso por acreditar na proposta, mesmo que isso implicasse deixar de lado outras atividades. Segundo, porque, como o leitor já terá percebido, o Gomercindo é um dos mais aplicados estudiosos de Paulo Freire e faz isso de uma forma aberta, não dogmática. E o Fórum é um espaço coletivo, com uma certa permanência, o que o diferencia de outros congressos ou seminários.
Voltando agora ao Fórum, um dos pontos que eu queria acrescentar diz respeito ao fato de integrar pessoas com formações acadêmicas e práticas muito diferentes. Lembro de um encontro quando um representante dos sem-teto falou, em Porto Alegre, sobre a linguagem dos moradores de rua. O tema era diálogo e vimos o quão difícil é um verdadeiro diálogo entre experiências de mundos que convivem, mas que, ao mesmo tempo, estão a uma enorme distância um do outro. Escrevo este trecho em Buenos Aires, onde participo de um Congresso Mundial de Educação Comparada, no qual Carlos Alberto Torres coordenou uma bela mesa sobre os 50 anos de Angicos. Mas tenho certeza que o que mais marcou algumas pessoas foi a presença de duas professoras gaúchas, dos MSTs, que falaram sobre sua experiência pedagógica inspirada em Paulo Freire. Procuro interpretar isso com a seguinte tese: que a pedagogia de Paulo Freire é forjada nos e a partir do movimento da sociedade na busca do ser mais. Desde o Movimento de Cultura Popular no Recife, passando pelos movimentos de libertação do fim da década de sessenta, até aqueles pela democratização no Brasil pós-ditadura, a pedagogia foi sendo recriada.
Outro ponto do Fórum que destaco é a possibilidade de outras formas de expressão. Derrepente, aparece um gaiteiro, um cantor, um poeta... E lá pelas tantas, o Balduino lembra que corporeidade não é apenas um conceito, mas uma convocação para o movimento do corpo e para o abraço.
Balduino – Neste sentido, Danilo, acho interessante lembrar que na 15ª edição do Forum, na FACCAT, já houve uma inovação, ao serem aceitas outras formas de apresentar os trabalhos, como a música, a percussão, a poesia e a representação teatral.
Danilo – Sem esquecer as marcas que a passagem do Fórum vai deixando em diferentes universidades e cidades. O que representou a marcha dos participantes para os moradores da cidade de Taquara (RS) que, de suas lojas e sacadas, ouviam as músicas e olhavam os cartazes e bandeiras com palavras e frases que lembravam que podemos fazer mais e melhor na educação? Mas as marcas também são registradas em papel e nos meios eletrônicos. Se hoje temos dezenas ou centenas de teses e dissertações sobre Paulo Freire em nossa região, muito se deve a esse movimento que, de forma alegre e séria, introduz as pessoas na obra desse educador. Como um dos organizadores do Dicionário Paulo Freire – recentemente publicado em inglês como Paulo Freire Encyclopedia –, sempre refiro que esse trabalho só foi possível graças a uma certa massa crítica do pensamento freiriano, em boa medida formada nos fóruns.
Balduino – Na ótica de nossas conversas sobre o Fórum Paulo Freire, eu gostaria de fazer um destaque ainda. Ele não significa mitificação de Paulo Freire, nem exclusividade sobre ele, sendo que são muitos já os trabalhos apresentados em que os autores e autoras estabelecem diálogos interessantes e fecundos com outros pensadores da educação e da cultura. Aliás, o próprio Paulo sempre foi um exemplo de diálogos amplos, com muitos outros pensadores ou pensadoras e, com o mesmo respeito para com os saberes do povo simples, dialogando com todas as pessoas com quem se encontrava, ao longo de tantas caminhadas, no mundo inteiro. Das tuas experiências, Gomercindo, não posso esquecer o que me contaste, de tua participação como membro da equipe da Secretaria da Educação de Pelotas, no primeiro mandato de Bernardo de Souza como prefeito. O Jandir Zanotelli, nomeado secretário, formou sua equipe com o pessoal da educação popular. E, com todo o idealismo da juventude, vocês colocaram no papel um projeto inspirado em Freire e o implantaram em todas as escolas da rede municipal. Para decepção de vocês, porém, a confusão foi muita. Por ocasião de uma visita de Freire, tu relataste o acontecido, ao que ele questionou: "Em lugar de levar um projeto prontinho, elaborado na Secretaria, não teria sido melhor discuti-lo com a comunidade? Em e-mail tu me confirmaste:
A discussão era essa mesma. O Paulo, no entanto, sempre era propositivo, creio. Ele dizia: é preciso discutir o projeto de educação libertadora com as pessoas da escola. Mas o contexto era mesmo: (1) anunciamos o fim do autoritarismo e a educação libertadora como nova proposta para a educação municipal; (2) houve, sim, confusões em relação à ideia de liberdade (não por pouco Paulo a chama de "licenciosidade"), além de reações contrárias de grupos que estavam nas equipes diretivas, de docentes etc. Falo de 1983 (início). Em 1985, com Paulo, em Pelotas, discutíamos as dificuldades e foi quando ele disse que o projeto novo não pode ser levado pronto às escolas, mas construído. E foi o que fizemos, mesmo antes da vinda de Paulo a Pelotas: (3) muita discussão com direções, professores, estudantes, famílias, motoristas etc.
Tudo que venho dizendo até aqui, Gomercindo, tem a ver com as "marchas" e "contramarchas", tema central estabelecido pelos amigos que planejaram o livro em tua homenagem. E já que falei da seriedade dos trabalhos apresentados no Fórum e dos diálogos desencadeados, lembrarei de um problema que tu levantaste um dia, em nossas conversas lá na FAE/UFPel. Tu dizias de certa situação que denominaste "Paulo Freire do senso comum", ou seja, de certa "vulgarização" do pensamento e da obra de Freire. Sei que o sentido era: todo mundo citando Freire, de maneiras deturpadas, reducionistas e superficiais. Era isso? Lembro também que estivemos discutindo, em 2005, creio, "a banalização do tema do diálogo em Freire", apontada pelo Fábio, no encontro da UNISC. Estou registrando estas falas não como denúncia, mas, sem dramatizações, porque acho tratar-se de problemas a serem discutidos no Fórum ou em seus desdobramentos.
Gomercindo, conforme o Danilo me pediu, coube a mim iniciar este diálogo contigo, e agora cabe a ele concluí-lo. Despeço-me, então, agradecendo aos organizadores deste livro em tua merecidíssima homenagem, a oportunidade prazerosa de associar-me à mesma, dizendo a ti que ter amigos como tu é uma bênção de Deus. Que o bom Deus retribua a ti, à tua esposa Dionísia e a teus filhos, a Marina e o Marco, o acolhimento amigo que sempre tive na casa de vocês. Aquele abraço, Gomer!
Danilo – Para ir concluindo, já que falamos tanto do Fórum, talvez pudéssemos vê-lo como uma marcha de um grupo que se encontra em torno de uma proposta ético-político-pedagógica. E um prefácio de textos que têm o Gomercindo como referência não poderia deixar de mencionar que, para ele, a ética é o eixo em torno do qual tudo se move. Nas marchas que estão acontecendo no Brasil e pelo mundo afora, princípios éticos deveriam ser não apenas um objetivo, mas uma orientação às ações. Na discussão ética, lembro três conceitos que são caros para o Gomercindo.
O primeiro deles é a ideia de liberdade, aquela entendida como uma possibilidade do ser mais, isto compreendido de uma forma não individualista. As marchas são um exercício de aprendizagem de liberdade porque existem inúmeras oportunidades de, em nome da liberdade, cometer abusos. A violência praticada por grupos que se aproveitam do anonimato da multidão são um exemplo da dificuldade dessa aprendizagem. Liberdade implica limites impostos pela compreensão do outro como um "tu" e não como "isso", para usar a linguagem de Martin Buber. Só aí é que o diálogo se torna possível.
Outro conceito que está na pauta de Gomercindo é o de autoridade, sempre contraposto ao de autoritarismo. Nas marchas, como na vida, a linha que divide a autoridade do autoritarismo, às vezes, é muito tênue e se pode ultrapassá-la a cada momento. Isso acontece quando o poder é usado de forma arbitrária, sem levar em conta a perspectiva do outro. Nesse sentido, precisamos admitir que o autoritarismo não é exclusividade da direita. Também a esquerda, frequentemente, atropela os meios em nome de fins considerados justos.
Finalmente, liberdade e autoridade têm a ver com outro conceito, o de humanização, que não é um atributo fixo de alguém, como se outros fossem irremediavelmente desumanizados. Vivemos, de fato, na tensão entre humanização e desumanização, ambas possibilidades históricas.
Gomercindo, entendo que quiseste trazer para a conversa de abertura do livro essa dimensão, porque ela faz parte da tua maneira de viver e de ser. Além dos encontros em fóruns, bancas e seminários, tive o prazer de coordenar junto contigo um projeto, "Casadinhos", entre os PPGs de Educação da Unisinos e da UFPel. Reconheço que muito aprendi contigo e uso essa oportunidade para te agradecer. Tenho certeza de que os textos reunidos nesse livro têm origem na gratidão pelo que nos foi proporcionado nas andarilhagens contigo.
Apresentação
Vilmar Alves Pereira
José Roberto de Lima Dias
Bruna Telmo Alvarenga
Organizadores
É com grande satisfação e compromisso que assumimos esta nobre tarefa de apresentar a obra que segue. Isso porque nela há algo especial: os aspectos afetivos precedem os demais, ou seja, este é o caso em que amigos se solidarizam em escrever suas temáticas a partir do exemplo e das provocações despertadas por um grande educador popular. Assim, surgiu a ideia da construção coletiva de Educação popular e a pedagogia da contramarcha: Uma homenagem a Gomercindo Ghiggi. Emerge de uma escuta desse nosso amigo e pesquisador em comum. Em épocas em que correntes advogam a favor da intensificação do chamado "presenteísmo", do esquecimento do passado e do pessimismo e da desesperança em relação a perspectivas futuras e a qualquer horizonte possível, esse coletivo de autores toma como desafio apresentar, em seus contextos de atuação, reflexões oriundas de suas crenças epistemológicas, políticas, éticas e estéticas e, acima de tudo, pedagógicas. Esses autores denominaram tais questões de "contramarcha", essa provocada pela leitura e discussão de Ghiggi sobre a proposição de uma pedagogia da contramarcha, a partir da compreensão de Freire a respeito das marchas.
Reforçando a premissa de que nos constituímos como seres históricos, a obra é prefaciada por dois amigos que participaram e participam da trajetória formativa de Gomercindo. Dessa maneira, somos brindados, estética e eticamente, pela Carta-prefácio de Balduino A. Andreola e Danilo R. Streck. Ambos destacam aspectos que reforçam a perspectiva dialógica assumida por Ghiggi nos diferentes espaços por onde transita, principalmente, no contexto das edições do Fórum de Leituras Paulo Freire.
A constituição da pedagogia das marchas para a retomada da pedagogia da autonomia: (ou) as (im)possibilidades da educação popular na escola, de Gomercindo Ghiggi, é o texto que segue como orientador das discussões vindouras. Ele situa Freire, quando conclama o movimento dialético das marchas, e nos desafia a pensar a educação para além do seguimento dos trilhos que nos levam a "endereçamentos certos".
Não se furtando do compromisso de apresentar a sua contramarcha, em A pedagogia das marchas e a educação popular: lutas e esperanças no contexto latino-americano, Jaime José Zitkoski apresenta um panorama da discussão, remetendo-nos às origens da educação popular na América Latina, enquanto paradigma pedagógico que emerge das lutas populares por emancipação social. O autor também procura aproximar essa discussão dos contextos atuais, sugerindo maneiras concretas de enfrentamento da dominação imposta pelas elites.
Além de reforçar os laços afetivos e trabalhos comuns, o texto Práticas pedagógicas e formação de professores da EJA: diálogos por uma educação para além da escola, de Celso Ilgo Henz, Camila da Rosa Parigi e Eliziane Tainá Lunardi Ribeiro, denuncia o pouco investimento na formação de professores e sugere que repensemos o direito à educação, que foi negado à população de jovens e adultos em nosso país. No movimento dessa contramarcha, os autores apontam para a necessidade de enfocar e (re)significar os conteúdos, a maneira de sentir/pensar/agir na escola, na sociedade, no mundo; e para a possibilidade de que cada um, em seu contexto, comece a fazer a sua própria diferença, principalmente na e com a EJA.
O desafio e a necessidade da construção de uma universidade pública e popular são apresentados na contramarcha de Thiago Ingrassia Pereira. Esse belo texto, além de situar o papel assumido historicamente pela universidade brasileira, em favor de uma cultura de elite, apresenta como sugestão o movimento à construção de uma universidade popular que, a partir da concepção freireana de inédito viável, está situada num outro lugar. Assim, discute os limites e possibilidades no contexto da Universidade Federal da Fronteira Sul.
Em A educação profissional e tecnológica como contramarcha, Vinícius Lima Lousada e Amilton de Moura Figueiredo fazem uma reflexão a respeito da marcha pela educação levada a cabo em nosso país nas últimas décadas, particularmente, a partir do caso da expansão da Rede Federal da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), com o advento do Governo Lula. Para tanto, propõe-se a estabelecer uma análise dialética de algumas possibilidades emancipatórias da EPT – no sentido de inserção cidadã no mundo do trabalho, formação humana e politécnica – e do desafio inerente de suas contradições, em razão do contexto onde o seu projeto se desdobra.
Recentemente, em Santa Maria, Gaudêncio Frigotto sugeriu que pensássemos sobre a pedagogia do opressor. Nesse sentido, Balduíno Andreola, educador popular e amigo de Ghiggi, apresenta-nos Dimensões antropológicas e ontológicas da opressão. Trata-se um trabalho valioso, que não se contenta apenas em indicar as referidas dimensões, mas em apontar as perspectivas de esperança, libertação e utopia em Freire, mesmo considerando que as situações, cada vez mais numerosas e cruéis de opressão, revelam ainda estarmos longe das soluções.
Valdo Bacelos homenageia Gomercindo com o texto Paulo Freire: um educador dos trópicos, com a proposição de que reflitamos sobre a educação brasileira numa perspectiva intercultural. Para isso, traz representantes do pensamento educacional brasileiro, como, Paulo Freire (1921-1997), aquele que se considera talvez o único exemplo de antropofagia na educação brasileira.
O trabalho de Humberto Calloni encerra essa primeira parte de autores que homenageiam Ghiggi. Mesmo considerando ser uma tarefa ousada, o autor propõe uma aproximação em seu texto Paulo Freire e Edgar Morin: um diálogo solidário e a pesquisa social qualitativa. Calloni sinaliza a tese de que, entre esses dois grandes pensadores, existe a presença de um sintomático horizonte hermenêutico solidário, quando se pretende acentuar o processo de leitura do real, consubstancializado, tanto no enfoque dinâmico com que a realidade é tecida – suas múltiplas dimensões –, quanto no enfoque particularmente humanístico da complexidade do humano, enquanto sujeito e, ao mesmo tempo, objeto do conhecimento.
A segunda parte desta obra é composta por textos de educadores populares vinculados ao grupo "PET Conexões de Saberes da Educação Popular e Saberes Acadêmicos da FURG" e construídos coletivamente pelo grupo e pela equipe de orientação. O objetivo foi relatar experiências educativas de jovens comprometidos com a construção de uma sociedade que se propõe resistir às investidas do capital, na privatização do processo de produção do conhecimento, pois acreditam que a educação emancipatória dos sujeitos só é possível quando efetivamente se promove a igualdade e a justiça social. Suas práticas educativas estão inseridas no movimento das contramarchas, afinal, todos se constituem pesquisadores enquanto vivenciam a experiência formativa de educadores populares. Exemplo disso é a reflexão de Júlia Neves e Leonardo Gonçalves, ao escreverem sobre A abordagem (auto)biográfica enquanto contramarcha: a experiência de um curso pré-universitário popular. Os autores procuram refletir suas práticas ao entenderem que, no contexto dos cursos pré-universitários populares, é possível "construir coletivamente conhecimentos e aprendizagens".
Na sequência dos autores petianos, que deixam suas impressões nas páginas desta obra, está Paola Reyer Marques e Bruna Telmo Alvarenga, orientadas pelo professor Vilmar Alves Pereira. Basicamente, elas trazem observações sobre suas práxis, no contexto do curso em que estão inseridas. No texto A contramarcha de uma petiana conexista em um pré-universitário popular, emergem interrogações sobre quais mudanças ocorreram no curso pré-vestibular a partir de suas atuações como bolsistas comprometidas com a educação popular.
Outro grupo de educadores populares engajados com a construção coletiva de um projeto social de conhecimento é composto por Mariza Rodrigues e Roberta Pereira, também orientadas pelo professor Vilmar Pereira. Em Desafios e limites entre as diretrizes curriculares nacionais do curso de pedagogia e a formação do licenciando em pedagogia, deixam registrados nesse livro a necessidade de se (re)pensar os processos pedagógicos que tratam da formação do profissional da pedagogia, enquanto possibilidades de atuação na educação popular.
Encerrando a coletânea de textos desta obra – que aponta as diversas formas de construir contramarchas e que homenageia o educador Gomercingo Ghiggi –, situamos a educadora petiana Veridiana Gomes Caseira, orientada por Leonardo Dorneles Gonçalves e José Roberto de Lima Dias. Ela nos brinda, em A educação popular e os desafios à prática pedagógica: uma aproximação com a pedagogia da autonomia e uma afirmação de contra marcha, a análise que faz sobre as implicações das propostas da educação popular no contexto do Projeto Educação para Pescadores, trabalho comprometido com a Educação de Jovens e Adultos – EJA. A autora busca, ainda, entender como as obras de Freire a levaram a constituir-se em uma educadora comprometida com o movimento das marchas e contramarchas.
Não poderíamos encerrar esta apresentação sem relembrar algumas frases de um grande educador popular, que tinha grande admiração e respeito pelo nosso homenageado Gomercindo. Trata-se do eterno amigo Nilton Bueno Fischer que, de onde se encontra, deve estar vibrando por ti, Gomercindo. Vejamos o que ele afirma sobre no prefácio da obra Pedagogia da autoridade a serviço da liberdade:
Entre tantos trabalhos publicados sobre o tema; entre inúmeros eventos sobre formação de professores; entre iniciativas e políticas públicas de todas as esferas de poder, a contribuição de Gomercindo não se institui pelos modismos tanto da academia como das exclusivas formas denuncistas! Estamos diante de um raríssimo caso de texto desacomodador que clama pela amorosidade exigente, pela definição do profissional da educação assumir-se como educador, como mestre!
É isso mesmo, ele já havia percebido o valor que tu, Gomercindo, tens para a educação popular. Em outra parte ele acena para outras virtudes, ao dizer que:
estamos diante de um autor que fala das suas incompletudes, de suas certezas na dúvida e de sua constante atitude receptiva para acolher o outro, seja na forma das diversidades culturais, sociais, econômicas, religiosas, mas também acolher o contraditório ao seu argumento. Nada melhor que isso significa o diálogo freiriano, intenso!"
E o reconhecimento não para por aí:
Gomercindo tem o mérito indiscutível de aproximar os ensinamentos dos clássicos, através de seu jeito de conectar parte e todo, individual e coletivo, sujeitos concretos e estruturas, contemporaneidade e tempos históricos, passado e presente.
Dessa forma, o grupo PET – Conexões de Saberes da Educação Popular e Saberes Acadêmicos, da FURG –, através desta obra, quer agradecer pela valiosa contribuição que o professor doutor Gomercindo Ghiggi tem dado à educação popular e, principalmente, pelas inúmeras aprendizagens coletivas que temos tido com esse educador.
Sumário
Apresentação
Vilmar Alves Pereira, José Roberto de Lima Dias, Bruna Telmo Alvarenga / 7
Carta-prefácio: diálogos e parcerias
com Gomercindo Ghiggi
Balduino A. Andreola, Danilo R. Streck / 15
Os organizadores / 29
O homenageado / 30
CAPÍTULO I – A constituição da pedagogia das marchas para a retomada da pedagogia da autonomia: (ou) as (im)possibilidades da educação popular na escola
Gomercindo Ghiggi / 37
A constituição da pedagogia das marchas / 37
Caminhando à constituição da pedagogia das marchas
(ou da contramarcha?) / 42
Referências / 44
CAPÍTULO II – A pedagogia das marchas e a educação popular: lutas e esperanças
no contexto latino-americano
Jaime José Zitkoski / 47
Introdução / 47
A pedagogia das marchas: origem e inspirações teóricas / 48
Uma pedagogia da “luta política”, na perspectiva
freireana / 51
O resgate do “sentido amplo” da educação, enquanto
humanização / 55
Considerações finais / 59
Referências / 60
CAPÍTULO III – Práticas pedagógicas e formação
de professores da eja: diálogos por uma
educação para além da escola
Celso Ilgo Henz, Camila da Rosa Parigi, Eliziane Tainá Lunardi Ribeiro / 63
Iniciando o diálogo: palavras ao Gomercindo / 63
EJA: Políticas públicas e a realidade na escola e
na formação de professores / 66
Práticas pedagógicas horizontais e dialógicas na EJA / 70
Auto/trans/formação permanente de professores:
possibilidades de mudanças pelos diálogos em
construção? / 75
Ensinar-aprender com os sujeitos da EJA / 79
Para prosseguir o diálogo... / 81
Referências / 83
CAPÍTULO IV – O desafio e a necessidade de construção de uma universidade pública e popular
Thiago Ingrassia Pereira / 85
Primeiras palavras / 85
Refletindo sobre o público e o popular / 87
A universidade popular como inédito-viável / 92
Considerações finais / 96
Referências / 98
CAPÍTULO V – A educação profissional e tecnológica como contramarcha
Vinícius Lima Lousada, Amilton de Moura Figueiredo / 101
O contexto do texto / 101
A marcha pela educação profissional e tecnológica
no Brasil nos anos 90 / 103
A educação profissional tecnológica emancipatória
como contramarcha / 108
Por fim: pensar a EPT para além do capital / 116
Referências / 118
CAPÍTULO VI – Dimensões antropológicas
e ontológicas da opressão
Balduino Antonio Andreola / 121
Dimensões antropológicas da opressão / 122
Dimensões ontológicas da opressão / 126
Referências / 131
CAPÍTULO VII – Paulo Freire: um educador
dos trópicos
Valdo Barcelos / 133
Primeiras palavras / 133
Paulo Freire e uma educação solidária nos trópicos / 144
Referências / 148
CAPÍTULO VIII – Paulo Freire e Edgar Morin:
um diálogo solidário e a pesquisa
social qualitativa
Humberto Calloni / 149
Primeiras palavras / 149
Breve noção sobre a complexidade / 152
A complexidade presume um pensamento complexo / 154
A questão social e a complexidade / 157
Ética e a triunidade humana / 160
Ética e qualidade social de vida / 163
Referências / 167
CAPÍTULO IX – A abordagem (auto)biográfica enquanto contramarcha: a experiência de
um curso pré-universitário popular
Júlia Guimarães Neves, Leonardo Dorneles Gonçalves / 169
Primeiras palavras / 169
Traços contextuais das ações em educação popular / 171
A dimensão formadora do trabalho com as narrativas
de vida / 175
A constituição de grupo e a concretização dos sonhos
possíveis / 178
A abordagem (auto)biográfica enquanto contramarcha / 181
Considerações finais / 182
Referências / 184
CAPÍTULO X – A contramarcha de uma petiana conexista em um pré-universitário popular
Paola Reyer Marques, Bruna Telmo Alvarenga, Vilmar Alves Pereira / 187
Introdução / 187
Concepções acerca da educação popular / 189
Potenciais de mudanças na educação popular / 192
Uma breve contextualização sobre as marchas,
contramarchas e a relação com os cursos
pré-universitários / 195
Conhecendo o Pré-Universitário Ousadia Popular / 199
Atuação como petiana: conexões de saberes / 201
Considerações finais / 203
Referências / 205
CAPÍTULO XI – Desafios e limites entre as
diretrizes curriculares nacionais do curso
de pedagogia e a formação do profissional licenciado
Mariza Rodrigues, Roberta Pereira, Vilmar Pereira / 207
Introdução / 207
Conhecendo as diretrizes curriculares nacionais para
o curso de licenciatura em Pedagogia / 210
Relato da autora/educanda inserida em um curso
de pedagogia / 220
A percepção dos educandos sobre a petiana no curso
pré-universitário / 223
Considerações finais / 225
Referências / 227
CAPÍTULO XII – A educação popular e os desafios à prática pedagógica: uma aproximação à pedagogia da autonomia e uma afirmação
de contramarcha
Veridiana Gomes Caseira, José Roberto de Lima Dias, Leonardo Dorneles Gonçalves / 229
Introdução / 229
O contexto da Ilha dos Marinheiros em Rio Grande/RS / 232
Entre o cotidiano do educador popular e alguns saberes
da “Pedagogia da autonomia”, de Freire / 233
Entendendo a contramarcha... / 240
A contramarcha em nossa prática educativa / 240
Considerações finais / 244
Referências / 245 |
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