Abas
Glaura Hilário Brockstedt
Escrever é caminhar para a berlinda, transparecendo a cada passo, a cada página, um pouco do que fomos, do que somos e do que seremos.
Por mais refinadas que sejam as palavras, ainda assim se pode perceber a história de quem as escolheu.
Rendendo-me a essa premissa, confesso que tudo aqui se trata de minha interação com os demais, com meu tempo, com meus amigos, com meu universo. A bem da verdade, sem isso, meu espírito nao seria capaz de sussurrar-me sequer um verso.
Desvendo, então, meu eu lírico em forma de poesias contextualizadas em alguns fatos e impressões de vida. Afinal, poesia é a arte dos versos característicos de uma pessoa, de um povo, de uma época. Sou, porém, uma personagem coadjuvante nesta história toda. O papel principal é daqueles com quem convivi.
A ideia é que se sintam representados neste livro de versos, alguns livres, outros providos de rima. Todos, porém, com associações harmoniosas de palavras...
Não fui agraciada com poderes divinamente criativos, mas posso despertar um pouquinho de emoção, de enlevo e de sensação de beleza naqueles de alma transformadora. Isso porque acredito na estética da vida, como sugeria Graca Aranha: "A tragédia fundamental da existência humana está nas relações do seu espírito com o universo. A concepção estética do universo é a base da perfeição."
Para conhecer mais desse pensamento e de mim, basta abrir o livro. Prometo contar o que esses pavões e as cartas têm a ver com tudo isso...
Contracapa
Charles Pimentel,
editor
As histórias e poesias desta obra são simples, menos enigmáticas e mais deduzíveis do que as tradicionais composiçõess em verso. Não que demandem menos reflexão, na verdade as pontes temporais que cria a autora dão muito o que pensar, principalmente em termos de sociedade e educação.
É que Glaura Hilário Brockstedt testemunha fatos e emoções que marcaram sua geração, ilustrados em poesias... Esta forma criativa de expor o concreto e o abstrato intelectualmente organizados em sua mente só pode ser fruto de sua experiência nas áreas de letras, educação e folclore, onde a inovação é constante.
Assim, o eu lírico da autora, imaculado, austero, tranquilo, mas avesso a certos atropelos da vida moderna, fica mais evidente. E a idiossincrasia que representa esse intelecto também, revelando mais sobre os sentimentos e costumes que definem a vida em cidades pequenas. E até o fazer poético desnuda-se, sendo possível testemunhar o nascimento da poesia...
Prefácio
Ialmar Pio Schneider
Porto Alegre, inverno de 2013
Devo dizer que os poemas de Glaura Hilário Brockstedt são muito bem elaborados e sensíveis. Proporcionam momentos de emoção e reflexão, pois nascem da realidade da vida cotidiana, afinal, ela é filha, irmã, esposa, mãe, avó e amiga... Entre tantas pessoas que a admiram e se sentem agraciadas com suas recordações, eu aí me incluo.
Do transcorrer de nossas existências, lembro da Glaura estudiosa, inteligente e interessada em literatura. Tinha facilidade com comunicação. Talvez por isso tenha sido escolhida como oradora quando de sua formatura de Magistério. Tarefa que fez à perfeição. Permitam-me relembrar um trecho muito apreciado de seu discurso:
"A missão que nos espera será árdua e clamará sacrifícios, mas frente àqueles olhinhos inocentes e assustados nos fitando, que tão bem enxergamos na imaginação, sentimos que nossa tarefa será suavizada pelo carinho e pelo amor.
Nossa missão é nobre!!!
Por meio dela, iremos modelar e plasmar na verdade e no bem aquelas criaturas que Deus porá em nosso caminho, para fazermo-las subir moralmente e triunfar na vida.
O mundo hodierno necessita de indivíduos capazes, de consciências modeladas, de caráter formado e, por que, então, não colaborarmos oferecendo aquilo de bom que adquirimos?
Por pequena e humilde que seja nossa colaboração, esta contribuirá para que haja um mundo melhor..."
Já no ensino superior, Glaura formou-se em Letras e pós-graduou-se em Folclore Gaúcho, o que lhe deu muita bagagem literária.
Tenho certeza de que todos que penetrarem na leitura deste livro, permeada de sonhos e realismo, conhecerão um exemplo de vida, o de Glaura, e certamente encontrarão mais motivos para desfrutar de momentos de felicidade, ternura e amor.
Prefaciar esta obra me orgulha. Ler estas páginas trabalhadas com tanto carinho e competência por minha querida cunhada e amiga foi uma tarefa prazerosa, e, além do mais, seminal, pois foi a partir de seus lindos versos que inspirei esta mensagem final:
"É 'Poetizando palavras',
livro de sonhos e saudades,
que a Glaura fez com esmero
augurando a todos Felicidades..."
Apresentação
Marilise Brockstedt Lech
Cadeira 39, Academia Passo-Fundense de Letras,
confreira e filha de Glaura – com muito orgulho!
A história que eu vou contar
é uma história verdadeira.
Conta a vida de uma prenda
toda bonita e faceira.
(Glaura Brockstedt)
Apaixonada pela vida e atenta às oportunidades, a soledadense Glaura entrou nesta primavera decidida a publicar alguns dos escritos que alagavam sua agenda telefônica, os cadernos de culinária, os álbuns de fotografias, os livros, as caixas de recordações... a casa inteira.
Um lápis e um simples pedaço de papel bastam para registrar sentimentos, ideias, conselhos, homenagens, enfim, seus escritos. Glaura se dispõe a isso a qualquer hora do dia. Certa ela, afinal, ideia não avisa quando vai chegar.
Sua fama vem dos tempos do Colégio Santíssima Trindade, de Cruz Alta, quando era requisitada para ajudar em redações e até em mensagens românticas... Imaginem!
Teria a Glaura o poder de traduzir em palavras os suspiros do coração? O Seu Gilberto que o diga, pois com ela trocou inúmeras cartas de amor. Ele foi sua grande paixão e companheiro de quase 50 anos de vida. Inclusive, é recordado com muita emoção nesta obra. Atualmente é lembrado como um dos patronos da Academia Soledadense de Letras, da qual Glaura hoje faz parte, ocupando a cadeira nº 10, tendo como patrono o saudoso Jaime Caetano Braum.
Neste ano, Glaura também passou a fazer parte da Academia Nacional de Letras, do Portal do Poeta Brasileiro. Para ela, todas as suas conquistas nasceram não apenas de sua formação, mas também de sua experiência em escolas e, é claro, de seus trabalhos na 25ª Coordenadoria Regional de Educação, como supervisora escolar.
Além de tudo isso, não se pode esquecer que a nossa autora é mãe de cinco filhos, avó zelosa de seis netos, amiga e irmã sincera, sempre pronta a "estender a mão e atender a qualquer convite", como ela mesmo diz. Na comunidade, Glaura é uma referência aos vizinhos e essencialmente uma pessoa responsável e cativante, pelo menos é isso que as cartas de suas ex-alunas expressam, assim como suas requisitadas entrevistas às rádios locais...
Talvez o nome Glaura devesse ter sido mesmo transformado em poesia, tal como o fez Silva Alvarenga há muito tempo, referindo-se a sua amada, que não era a nossa autora, mas que vale o saudoso empréstimo literário:
"Nos braços da ternura.
Ó dias de ventura,
Glaura vereis à sombra das mangueiras!
Suave agosto... as verdes laranjeiras
Co'a turba dos Amores
Vem feliz matizar as brancas flores."
E ainda mais enfático:
"Suave fonte pura,
Que desces murmurando sobre a areia,
Eu sei que a linda Glaura se recreia
Vendo em ti dos seus olhos a ternura;
Ela já te procura;
Ah! como vem formosa e sem desgosto!
Não lhe pintes o rosto:
Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade,
Meu terno amor, minha infeliz saudade."
Além de conhecer uma inspiradora história, neste livro os leitores também poderão identificar-se com poemas que retratam costumes, aventuras, namoricos, conhecer um pouco sobre aves, mais exatamente sobre o pavão, "o rei das aves", como dizia Gilberto...
É, porém, pelas opiniões filosóficas e existenciais que a poesia de Glaura respira e a sensibilidade vai se revelando, a cada palavra, a cada rima.
Rogo a Deus que pessoas como a Glaura continuem matizando as brancas flores e poetizando (em) palavras seus amores, para, assim, dar ao mundo novas cores, lindas como as das penas dos pavões em dia de cortejo.
Sumário
Prefácio / 9
Apresentação / 11
Soledade / 19
Medicina caseira / 21
Infância / 23
Amigos / 25
Oh vida! / 27
Irmãos / 29
Liberdade de crescer / 31
Meu pai / 33
Minha mãe / 35
Minha história de Natal / 37
Adolescência / 39
Namorados / 41
A chuva e a paixão / 43
Pavão / 45
Bebê / 49
Acróstico aos netos caçulas / 51
Folclore / 53
Vida no interior / 55
Acróstico para o Gilberto / 57
Foi assim / 59
Felicidade / 61
Chuva / 62
No sítio / 63
Por quê? / 65
Na sala / 66
Ao vento / 67
Crepúsculo / 68
Dia dos Pais / 69
Acróstico ao Noronha / 70
Contrastes / 71
Esperança de prenda / 72
Graciela, neta querida / 74
Vai a tarde / 75
Jamais / 76
Carta ao Sr. Noronha / 77
Incerteza / 78
Pombo-correio / 79
A vida / 80
Entrada triunfal da primavera / 81
Entardecer / 82
Selos / 83
Acróstico para o Maestro / 84
Acróstico para a Dona Jeni / 85
Magia da palavra / 86
Acróstico para o Rodrigo / 87
Vida / 88
Conta-gotas / 89 |
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