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Lugares possíveis: metamorfoses da arte no tempo e no espaço

Organizador: Gerson Luís Trombetta
Autores: Aline Bouvié Álvares, Bárbara Araldi Tortato, Bruna de Oliveira Bortolini, Daniel Confortin, Francisco Fianco, Gerson Luís Trombetta, Gustavo Frosi Benetti, Lorena Postal Waihrich, Luiza Santos, Marceli Andresa Becker, Paula Boito, Paulo Afonso Bartz Rodrigues, Raimundo Rajobac, Roberta Del Bene, Rosângela Salles dos Santos, Taciane Sandri de Anhaia, Tarso Olivier Heckler
Pág.: 256
Edição: 1ª
Formato: 14x21cm
Idioma: Português

Lançamento 1ª edição / livro em papel: 2012
ISBN: 9788582000168


Lançamento 2ª edição / e-book : 2021
ISBN: 9786589009122


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Texto de contracapa

Na versão mais comum da mitologia grega, Tântalo, decidido a testar a sabedoria dos deuses, roubou seus manjares e, em troca, serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope. Descoberto, foi lançado às profundezas do Tártaro, onde, mesmo num vale abundante em frutas e água, foi condenado a não poder jamais saciar a fome e a sede [...]. Toda tentativa de aproximar-se da água era frustrada, pois ela simplesmente escoava; ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos fugiam do seu alcance impulsionados pela força do vento.

A expressão ''suplício de Tântalo'', por conta dessa punição mitológica, refere-se à tensão vivida por aquele que deseja intensamente algo próximo, porém, inalcançável. [...] O martírio ao qual Tântalo está submetido é uma boa ilustração de um trabalho que pretenda esclarecer a natureza e o papel da arte no mundo contemporâneo. As expressões artísticas, com toda a sua diversidade, assim como a água e as frutas no Tártaro, insistem em ''escapar'' do alcance das abordagens conceituais. Compatibilizar a exuberância estética com as restrições próprias da rigidez conceitual é uma missão tão difícil quanto é, para Tântalo, saborear as frutas que lhe atiçam o desejo. No entanto, a analogia não é de todo verdadeira. Ao contrário de um ''suplício'', a atividade de esclarecer filosoficamente as dinâmicas que a arte envolve pode ser enriquecedora e prazerosa. O que é próprio da arte – sua saturação estética, sua plurivocidade, suas recusas, sua linguagem e, principalmente, suas metamorfoses – e as engrenagens da teoria podem ser vistas não como inimigos irreconciliáveis, mas como ''lados da mesma moeda'', como ''visadas'' distintas sobre interesses e preocupações comuns.

Gerson Luís Trombetta

Texto de orelha

Quando o pensamento é fixado em texto, inicia-se a contagem regressiva da bomba que o detonará.

O pensamento, a palavra, a escrita, são corroídos pelo que chamamos de ''tempo''. (p.27)

O homem supera sua fase mitológica quando percebe que os elementos não-verificáveis de suas crenças são tão desconhecidos que não provocam mais sensação de conforto. (p.86)

Uma das estratégias do uso político da arteé recorrer a novos recursos artísticos, principalmente ao audiovisual, com seus fluxos contínuos de sedução, para transmitir a ideia de cultoà personalidade, exaltando o caráter único, raro e distante do representante
político... (p.121)

Anular o corpo é, portanto, em nossa civilização ocidental e dualista, uma tentativa desesperada da fraqueza humana de acabar com a dor inerente à vida e que só pode ser efetivamente suportada se for transformada em arte. (p.151)

...o cinema (ou, ao menos, alguns filmes-ensaio) faria com as imagens o que a filosofia tradicionalmente faz com as palavras e, por conta disso, um filme seria uma obra para constar na estante da história da filosofia. (p.167)

...formar um cidadão musical e eticamente só é possível ao se realizar o verdadeiro
e perfeito acorde da alma; dado que ''alma, como a substância humana, é o sujeito da ética e o seu cuidado é o que há de mais divino no homem...'' (p.199)

O fazer filosófico e o fazer poético talvez se caracterizem em certas ocasiões por um mesmo tipo de experiência: o de sentir o intelecto arremeter mais ou menos violentamente "contra os limites da linguagem". (p.211)

Apresentação

Sempre que o ancião se curvava para aplacar a sede, a água recuava, sumia, desvelando o humo escuro a seus pés.
(HOMERO. Odisséia. Canto 11, versos 585-587. Tradução de Donaldo Schüler).

Na versão mais comum da mitologia grega, Tântalo, decidido a testar a sabedoria dos deuses, roubou seus manjares e, em troca, serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope. Descoberto, foi lançado às profundezas do Tártaro, onde, mesmo num vale abundante em frutas e água, foi condenado a não poder jamais saciar a fome e a sede: "Vi também Tântalo de pé num lago, condenado à tortura cruel. Embora a água lhe tocasse o queixo, padecia de sede porque não lhe era permitido beber" (HOMERO. Odisséia. Canto 11, versos 582-584. Tradução de Donaldo Schüler). Toda tentativa de aproximar-se da água era frustrada, pois ela simplesmente escoava; ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos fugiam do seu alcance impulsionados pela força do vento.

A expressão suplício de Tântalo, por conta dessa punição mitológica, refere-se à tensão vivida por aquele que deseja intensamente algo próximo, porém, inalcançável. O objeto desejado fica, ao mesmo tempo, ao alcance dos dedos e impossível de ser tocado. O martírio ao qual Tântalo está submetido é uma boa ilustração de um trabalho que pretenda esclarecer a natureza e o papel da arte no mundo contemporâneo. As expressões artísticas, com toda a sua diversidade, assim como a água e as frutas no Tártaro, insistem em escapar do alcance das abordagens conceituais. Compatibilizar a exuberância estética com as restrições próprias da rigidez conceitual é uma missão tão difícil quanto é, para Tântalo, saborear as frutas que lhe atiçam o desejo. No entanto, a analogia não é de todo verdadeira. Ao contrário de um suplício, a atividade de esclarecer filosoficamente as dinâmicas que a arte envolve pode ser enriquecedora e prazerosa. O que é próprio da arte – sua saturação estética, sua plurivocidade, suas recusas, sua linguagem e, principalmente, suas metamorfoses – e as engrenagens da teoria podem ser vistas não como inimigos irreconciliáveis, mas como lados da mesma moeda, como visadas distintas sobre interesses e preocupações comuns.

É essa a motivação dos ensaios que agora chegam ao público. Originados e animadamente debatidos nas sessões de estudo do grupo de pesquisa Arte, Sentido e História, os textos aqui reunidos procuram, cada um à sua maneira, elucidar um aspecto das relações possíveis entre arte e filosofia. O projeto, muito consciente das limitações tantalógicas que o acompanham, alimenta-se do otimismo típico das produções coletivas. Os debates ocorridos nas sessões serviram como filtros necessários, retendo os exageros, os delírios e balizando garantias mínimas para que teoria e arte pudessem estabelecer diálogos saudáveis e mutuamente esclarecedores.

O livro está organizado em duas partes. A primeira, O suplício de Tântalo, propõe hipóteses sobre dimensões conceituais, pedagógicas, sociais e econômicas da experiência com a arte. Por ser um mergulho na identidade da arte e no modo como a recebemos, as investigações ali reunidas compartilham a dramática situação de Tântalo, nos dois sentidos que apontamos acima: como tensão, por nunca atingirem o quadro completo, saciedade total, na investigação do objeto; e como riqueza, pois desnudam aspectos importantes da relação entre a arte e o mundo que a cerca.

A segunda parte, As cabeças da Hidra, intenta lançar luz sobre a diversidade das expressões artísticas. Com capítulos que investigam desde a arte no corpo, passando pelo cinema, literatura, música, poesia, pintura e chegando à arquitetura, o projeto analisa as metamorfoses, no tempo e no espaço, dos fenômenos artísticos. Como as cabeças da Hidra (mas sem a sua índole mortal), a arte insiste em regenerar-se e transformar-se, acompanhando (e determinando) as novas demandas, os novos lugares e as novas configurações de sua época. Cada capítulo procura destacar como a arte é capaz de dialogar com a sua própria história e, ao mesmo tempo, auxilia o homem na árdua tarefa de compreender sua identidade.

Como organizador, gostaria de manifestar agradecimentos a todos os participantes do grupo de pesquisa Arte, Sentido e História. O livro agora publicado é um registro vivo dos sete anos de atividades desse grupo, por onde já passaram professores, alunos de pós-graduação e de graduação, bolsistas de iniciação científica, "representantes da comunidade em geral" (parafraseando o sempre criativo Tarso Heckler), artistas plásticos, músicos e atores. Cada um, inspirado pela especificidade da sua formação e da sua experiência, tinha algo a dizer, algo a elucidar sobre os temas e problemas postos na arena. O trabalho no grupo e em grupo revigorou a certeza de que não estávamos apenas "teorizando um tema" mas também (e, talvez, principalmente), cultivando amizades e nos qualificando metodologicamente para o exercício da pesquisa acadêmica. Um agradecimento muito especial a Ester Basso, artista talentosíssima, que, além de participar das sessões, nos cedeu, por muitas vezes, seu ateliê para os encontros de estudo; por certo, estar num ateliê trouxe uma dose extra de inspiração.

Por fim, registro que o livro é mais um integrante da Coleção Memória e Cultura, organizada pelo Núcleo de Estudos de Memória e Cultura (Nemec), ligado ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo.

Sejam todos bem-vindos a mais este lugar onde o debate sobre as metamorfoses da arte é possível!

Gerson Luís Trombetta
Organizador

Passo Fundo, primavera de 2012

Sumário

Apresentação / 7

Parte I: O suplício de Tântalo

I. Lugartempomorfose
Tarso Olivier Heckler / 15
II. Os lugares da arte: instâncias de formação e de transmissão do saber
Roberta Del Bene / 55
III. Nas sombras da linguagem: sobre a energia estética do mito
Bárbara Araldi Tortato / 81
IV. Do copyright ao copyleft: questões sobre a autoria na era digital
Luiza Santos / 95
V. Walter Benjamin e a crise da arte: a dialética da aura na era da reprodutibilidade técnica
Bruna de Oliveira Bortolini / 113
VI. Clement Greenberg: o inefável na experiência estética e a qualidade na arte formal
Aline Bouvié Álvares / 123

Parte II: As cabeças da Hidra

VII. O corpo como espaço da arte: autopoiese e superação metafísica
Francisco Fianco / 141
VIII. Filosofilmes e filmosofias
Gerson Luís Trombetta / 159
IX. O outro lado do belo: a estética do horror em Edgar Allan Poe
Taciane Sandri de Anhaia / 173
X. O som da pólis: ethos e música na República de Platão
Gustavo Frosi Benetti, Raimundo Rajobac / 187
XI. Da certeza da morte: uma conversa entre Jacques Roubaud e Wittgenstein
Marceli Andresa Becker / 205
XII. Thanghka: imagens da iluminação no país das neves
Daniel Confortin / 217
XIII. Às margens da arte: o Kitsch nos cenários urbanos
Gerson Luís Trombetta, Lorena Postal Waihrich, Rosângela Salles dos Santos, Bárbara Araldi Tortato, Paula Boito, Paulo Afonso Bartz Rodrigues / 243

 
 

 

   
   
      


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