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Dimensão(ões) da prática docente nas licenciaturas:
Constituição identitária e leituras de Paulo Freire

Págs.: 288
Edição: 1ª
Formato: 14x21 cm
Idioma: Português
Organizadores: Márcia Adriana Rosmann, Leonardo Matheus Pagani Benvenutti, Luisa Cadorim Facenda
Autores: Adão Caron Cambraia, Lenir Basso Zanon, Adriana Toso Kemp, Cleitom José Richter, Eduardo Dalcin, Eldon Henrique Mühl, Elisa Mainardi, Evandro de Godoi, Leonardo Matheus Pagani Benvenutti, Luciane Spanhol Bordignon,
Luisa Cadorim Facenda, Márcia Adriana Rosmann, Márcia Fink, Marcia Juliana Dias de Aguiar, Marileia Gollo de Moraes, Maria Simone Vione Schwengber, Rudião Rafael Wisniewski,
Silvana Matos Uhmann

1ª edição: 2014 (livro em papel)
ISBN: 9788582000391

2ª edição: 2021 (e-book)
ISBN: 9786589009108

Livro gratuito:

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Contracapa

Prof. Jaime José Zitkoski
(FACED-UFRGS)

A obra de Freire é indiscutivelmente, ainda na atualidade, uma referência importante para as pesquisas em educação e também para outras ciências humanas e sociais. Isso porque vem de um dos pensadores brasileiros mais debatidos e referenciados no mundo da educação. É fundamental resgatá-lo para discutirmos novas possibilidades de uma formação dialética e dialetizadora no campo das licenciaturas.

Eis aqui, então, o grande mérito desta coletânea: o esforço coletivo dos autores e da equipe de professores que a organizaram. Estamos diante de uma abordagem das experiências e diferentes realidades que hoje permeiam os cursos de formação docente, a partir de uma perspectiva freireana, do diálogo crítico-reflexivo.

Tenho a convicção de que cada leitor e cada leitora vai encontrar contribuições importantes para o aprofundamento de pesquisas sobre os temas aqui trabalhados, mas, sobretudo, serão desafiados a renovar suas esperanças em uma educação humanizadora diante do contexto em que vivemos, onde é fundamental a denúncia e o anúncio de que um mundo mais belo, justo e feliz é possível e necessário.

 
 

Texto de abas

Ensinar e aprender com sentido significa aprender a aprender. Ensinar, apenas, não é mais possível, é preciso estimular a aprendizagem do outro e aprender com ele. A lógica da economia do conhecimento é que, grandiosamente, opera na sociedade da informação e, consequentemente, do conhecimento. (p. 87)

A educação é evidenciada como prática social, circunscrita em contextos, escolar ou não escolar, permeada por contradições, tensões e conflitos. Ressalta-se a necessidade e urgência do professor pesquisador, inquiridor, curioso e que não nega o novo, a (re)descoberta. (p. 107)

O educador deverá estar preparado para atuar com sujeitos que são nativos digitais, com condições socioeconômicas que permitem a aquisição de equipamentos, bem como aqueles, historicamente marginalizados, que não têm condições de acesso à cidadania, quanto mais a recursos da cibercultura. (p. 100)

Na medida em que os homens tomam consciência do processo de expropriação do qual são assujeitados historicamente, vão se apropriando também da realidade concreta em que vivem e percebendo a necessidade de mudança. (p. 47)

O desafio do professor vai além de oportunizar aos alunos o contato com o material que contenha o conteúdo significativo para o seu desenvolvimento. Ele precisa planejar criteriosamente esse contato, oferecer os meios que melhor estabeleçam a relação entre as potencialidades de aprendizado do aluno e o con-teúdo. (p. 131)

O espírito de comunidade é tão importante socialmente e, principalmente, na perspectiva de inclusão, que Paulo Freire, desde o início de seu legado, inquietava-se com a participação da família na comunidade escolar. (p. 251)

Nas comunidades virtuais de pesquisa-ação, o engajamento dos indivíduos é dedicado ao aprendizado compartilhado e troca de experiências com um objetivo comum, a produção de conhecimento e saberes de professor. (p. 150)

A velocidade e a pressa caracterizam a vida moderna. Assim, tudo o que se passa reduz-se a estímulos fugazes e instantâneos, que tornam efêmeros todos os acontecimentos de nossa vida, fazendo com que passem por nós, mas não em nós e conosco. (p. 184)

 

 
 

Prefácio à 1ª edição

Márcia Adriana Rosmann
Leonardo Matheus Pagani Benvenutti
Luisa Cadorim Facenda

(Organizadores)
Inverno de 2014

Ao pensarmos a docência, enquanto espaço-tempo de formação humana, pensamos nas inúmeras possibilidades, que devem ser sempre oportunas, de leitura e de reflexão epistemológicas e práticas, de aproveitamento da formação continuada, pois só assim teremos a concretude da nossa realização profissional e pessoal, o que caracteriza a nossa identidade docente. Como docentes nos cursos de licenciatura, contribuímos significativamente na constituição identitária dos acadêmicos, ao passo que eles também são constituidores da nossa identidade docente. Não são os únicos, mas contribuem. A questão que surge é a seguinte: Qual é o sentido da docência em formação para os acadêmicos de licenciatura?

Algumas hipóteses vêm à tona diante das nossas leituras reflexivas: o maior número de acadêmicos, que em geral é de jovens trabalhadores, está matriculado nos cursos noturnos; é preciso muitas vezes abreviar conteúdos, simplificar leituras e discussões. Que novo paradigma educacional estamos construindo, então, diante da tendência pedagógica tecnológica? Como vamos desenvolver uma nova cultura profissional crítica e propositiva? É importante pensar e ressaltar que a docência exige perguntas na contemporaneidade, ter perguntas e não respostas prontas, acabadas.

Cabe ao docente tornar-se conhecedor das bases epistemológicas educacionais e, para além de conservar o legado construído pela humanidade, cabe ao docente a consciência da reconstrução dos objetos concretos. Para nós, docentes e acadêmicos, podermos antecipar o conhecimento da prática, a leitura é fundamental, especialmente a leitura do mundo, criticizada!

A educação vem ocupando espaços não somente na pauta de congressos e seminários de educadores das mais diferentes formações, mas também na imprensa, que noticia frequentemente os resultados dos exames de avaliação educacional em âmbito de Brasil. Conforme Brito (2007, p. 401), em pesquisa publicada com base nas avaliações do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), "os resultados mostraram que os estudantes de licenciatura concentram-se em cursos noturnos de IES [instituições de ensino superior] privadas e são oriundos predominantemente de ensino médio público; a principal razão para a escolha da licenciatura é o desejo de ser professor". A maioria dos cursos de licenciatura oferecidos pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia também são à noite.

O professor exerce influência de várias maneiras em qualquer nível de ensino e isto pode variar de acordo com a intensidade e a significância de sua atuação. Nesse sentido, é importante que se desenvolva no professor habilidades e competências que o direcionem para a busca pela cidadania ativa, consciente e participante. Dessa maneira, quando no exercício da docência, ele terá a oportunidade de oferecer aos estudantes uma educação que os transforme em pensadores competentes, aptos a interpretar, analisar e compreender as transformações sociais, científicas e tecnológicas.

Em face ao exposto, Nóvoa afirma que o desenvolvimento de uma nova cultura profissional dos professores passa pela produção de saberes e de valores que deem corpo a um exercício autônomo da profissão docente. O currículo do curso é primordial nas licenciaturas, pois precisa promover o pensamento e o entendimento, estabelecer as relações entre os aspectos cognitivos e a didática, desenvolver atitudes positivas em relação ao componente curricular com o qual irão ensinar e desenvolver crenças de eficácia como professores, além de prover o professor com formação de competências que permitam a ele tornar-se um educador em sala de aula.

A dificuldade de permanência dos estudantes nos cursos de licenciatura, tanto em instituições privadas quanto públicas, é fato real que se dá em razão de questões financeiras, pois percebe-se por meio dos depoimentos de alunos uma forte necessidade de trabalhar durante o dia para prosseguir os estudos no noturno. De acordo com Gadotti (2011, p. 19), "no Brasil, o professor é desvalorizado. Há um ditado popular conhecido: 'Quem sabe faz, quem não sabe ensina'. 'É sinistro. Essa destruição da imagem do professor custará muito caro', dizia já em 1989 o jornalista Leonardo Trevisan" (1989, p. 2).

O trabalho na docência em IES públicas e privadas nos aponta a diminuição pela procura nos cursos de licenciatura, apesar de nossa legislação prever educação para todos, de forma "gratuita com igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola" (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/96), o que supostamente indicaria a necessidade de crescimento pela procura dos cursos de formação de professores e não o contrário, para dar conta da demanda das escolas brasileiras.

A sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem. Logo, a(as) dimensão(ões) da prática docente nas licenciaturas: constituição identitária e as leituras de Paulo Freire, a partir dos textos que a compõem, inserem-se nessa perspectiva. Nas palavras de Gadotti, ele define a profissão de professor como:

Em sua essência, ser professor hoje não é nem mais difícil nem mais fácil do que era há algumas décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, o papel do professor vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação, que se tornou permanentemente necessária (2011, p. 23).

Cientes do inacabamento, enquanto sujeitos dotados de historicidade, nos propomos, portanto, a refletir sobre as diferentes e múltiplas possibilidades do trabalho docente nas licenciaturas, encorajando-nos e encorajando os acadêmicos, futuros docentes, à construção de uma prática condizente com a realidade sócio-econômico-cultural que vivenciamos, permeada por avanços científico-tecnológicos, com informações cada vez maiores e instantâneas. Logo, o trabalho docente precisa ser repleto de sentidos, significados e reencantos.


 
 

Apresentação à 1ª edição

Prof. Jaime José Zitkoski
(FACED-UFRGS)
Inverno de 2014

Foi com grande satisfação que recebi o convite para apresentar este livro, pois considero a presente temática de grande relevância social e acadêmica. E, igualmente, no diálogo com autores e autoras aqui engajados, todos eles me deixaram muito honrado pelas possibilidades de, em primeira mão, entrar em contato com seus textos. Dessa forma, pude tecer alguns comentários, mesmo que breves, sobre suas análises, testemunhos, discussões e socializações de experiências profissionais sobre temas muito pertinentes, no contexto das práticas docentes nas licenciaturas, desde uma perspectiva pedagógica freireana.

A obra de Freire é indiscutivelmente, ainda na atualidade, uma referência importante para as pesquisas em educação e também para outras ciências humanas e sociais. Isso porque vem de um dos pensadores brasileiros mais debatidos e referenciados no mundo da educação. Freire, talvez, seja mais conhecido no exterior (principalmente na Europa, nos EUA, no Canadá e em vários países da América latina) do que no Brasil. Por tais razões, é fundamental resgatá-lo para discutirmos novas possibilidades de uma formação dialética e dialetizadora no campo das licenciaturas.

Eis aqui, então, o grande mérito desta coletânea: o esforço coletivo dos autores e da equipe de professores que a organizaram. Estamos diante de uma abordagem das experiências e diferentes realidades que hoje permeiam os cursos de formação de professores, a partir de uma perspectiva freireana – do diálogo crítico-reflexivo. Vale a pena, então, um breve comentário sobre cada um dos 15 capítulos desta obra e um convite para o leitor aprofundar suas análises a partir de uma leitura in loco deste conteúdo, pois são ricas as discussões, inclusive sobre a formação de professores e a identidade docente.

O primeiro capítulo, Pedagogia do oprimido na atualidade: opressão e libertação na sociedade pós-moderna, de Eldon Henrique Mühl e Elisa Mainardi, coloca em discussão o binômio opressão-libertação na sociedade pós-moderna (caracterizada pelas tempos de rápidas mudanças em que vivemos e pela maior complexidade da vida social contemporânea), comparativamente aos tempos da década de 1960. Nessa perspectiva, é válido citar, entre outras, as seguintes questões propostas: A pedagogia do oprimido de Paulo Freire continua atual? Em tempos de globalização e de pensamento pós-moderno, é possível pensar os princípios da educação libertadora? Os esfarrapados do mundo ainda representam um potencial de emancipação?

O capítulo seguinte, intitulado Trabalho, precarização e educação: da indignação à rebeldia libertadora, denuncia a precarização do trabalho docente e discute as perspectivas de luta desde a educação para se alcançar uma condição de existência humana mais emancipada. Evandro de Godoi elenca elementos para refletir sobre o modo de acumulação capitalista e o impacto nas redefinições do papel do Estado enquanto garantidor de direitos sociais. Suscita também a necessidade de construir alternativas coletivas de resistência e enfrentamento aos crescentes e frequentes ataques à classe trabalhadora.

Na sequência, o texto Tecendo uma rede de significações nas identidades de professores discute a formação das identidades docentes no contexto de atuação profissional em uma instituição de ensino superior comunitária do Rio Grande do Sul, mais especificamente da Universidade de Passo Fundo, além de investigar os significados destas identidades. Para realizá-lo, Luciane Spanhol Bordignon utilizou-se da perspectiva da rede de significações, partindo de hipóteses de que a identidade acadêmica e a identidade institucional são aspectos determinantes.

No quarto capítulo, Dimensão(ões) da prática docente nas licenciaturas: a formação entre a teoria e a prática, Márcia Adriana Rosmann desenvolve uma reflexão sobre sua própria prática nos cursos de licenciaturas, abordando dialética e criticamente sua formação relacionada com a profissionalização na docência. A reflexão crítica e autocrítica da autora, freireanamente construída, está presente ao longo do texto, que já no início enfatiza que a docência na contemporaneidade requer a consciência do inacabamento, a boniteza e o sentido da aprendizagem, a partir do reencantamento de todos os sujeitos envolvidos no processo educativo: professores formadores, acadêmicos da licenciatura e, também, alunos da educação básica.

O autor Leonardo Matheus Pagani Benvenutti discute no seguinte texto, Formação identitária docente: caminhos do ser mais, os aspectos éticos e sócio-pedagógicos da prática docente ancorados na perspectiva da pedagogia freireana. A ênfase recai sobre a importância do estudo do legado freireano na constituição identitária docente, onde é valorado o posicionamento antidogmático ante a sua obra, o princípio de ajuda autêntica e a consciência crítica referente aos condicionamentos e inconclusões do ser humano, além do desenvolvimento contínuo da coerência do educador, diminuindo a distância entre o que se diz e o que se faz.

Já o texto Formação de professores na perspectiva freireana: saberes, desafios e mudança reflete sobre a formação permanente dos educadores, já que a educação é evidenciada como prática social, circunscrita em contextos, escolar ou não escolar, permeada por contradições, tensões e conflitos. A autora Luisa Cadorim Facenda preocupou-se em ressaltar a necessidade e urgência da formação do professor pesquisador, inquiridor, curioso e que não nega o novo, a (re)descoberta.

O sétimo capítulo se chama Estágio e docência: perspectivas para a profissionalização do acadêmico em formação. O autor Cleitom José Richter parte da sua experiência no estágio da licenciatura em Computação no IFRS, Câmpus de Santo Augusto, e discute a necessária atitude crítico-reflexiva, que precisa permear a profissionalização docente, especialmente no período dos estágios supervisionados, para fortalecer a formação.

O texto seguinte, intitulado Integração curricular, formação e prática docente em um curso de licenciatura em Computação, escrito por Adão Caron Cambraia e Lenir Basso Zanon, também se refere às experiências de formação docente na área de informática, mas prioriza a relação dos documentos normativos com o projeto pedagógico do curso em análise. O objetivo segue a perspectiva da criação de grupos de pesquisa-ação com enfoque crítico em realizar estudos acerca do currículo integrado e em criar uma cultura de compartilhamento dos conhecimentos, reflexões, pesquisas e estudos no âmbito da formação dos docentes que atuam no curso.

A pedagogia da autonomia em um curso de licenciatura em Química é o título do nono capítulo, que desenvolve uma reflexão sobre o potencial da pedagogia freiriana no processo de formação docente. O autor Rudião Rafael Wisniewski destaca que o professor em formação não deve ser apenas treinado, ele precisa ser incentivado a ter uma reflexão crítica da realidade. Isso não tolhe a alegria da docência, pelo contrário, alegra saber-se agente de transformação social.

Na discussão do texto Formação docente: processo de subjetivação pela leitura, a autora Adriana Toso Kemp aborda a importância da leitura como experiência formadora, destacando que é concebida como exercício de linguagem e, como tal, potencialmente dialógica e intersubjetiva, dentro de um processo de formação perpassado por dispositivos de subjetivação que agem sobre os sujeitos, fazendo-os continuamente autores de sua própria qualificação profissional.

No décimo primeiro capítulo, Políticas públicas e a importância do letramento, Marcia Juliana Dias de Aguiar discute alguns conceitos sobre o letramento que podem contribuir para se repensar as práticas escolares de leitura e escrita e relaciona os mesmos com as diretrizes nacionais de formação de professores. O objetivo foi proporcionar uma oportunidade para professores em formação e para os atuantes nas esferas escolares repensarem suas práticas, oferecendo um momento de conscientização a respeito do que é o letramento.

As autoras Marileia Gollo de Moraes e Maria Simone Vione Schwengber, em seu texto Mulheres e analfabetismo: condições de políticas de inclusão social, analisam os programas de inclusão social hoje em curso no Brasil a partir do enfoque na educação. Destacam o Programa Mulheres Mil, um dos programas implementados no período de 2007 a 2011, em cooperação com o governo canadense, que visou inicialmente à formação educacional, profissional e cidadã de mulheres desfavorecidas das regiões Norte e Nordeste do Brasil e depois se estendeu às demais regiões do nosso país.

Já o capítulo Pressupostos para uma educação inclusiva, com base em Freire e Vigotski analisa teoricamente estes dois autores mundialmente debatidos. A autora Silvana Matos Uhmann tem como objetivo apontar as contribuições de Paulo Freire e Vigotski frente a uma educação de qualidade para todos, contribuindo, assim, para a atual tomada de consciência sobre a inclusão em detrimento da exclusão.

O penúltimo texto publicado nessa coletânea trabalha com uma discussão recente na área da educação e se chama Comunidades virtuais inclusivas: acessibilidades na perspectiva de alunos com limitações visuais. O autor Eduardo Dalcin buscou responder a seguinte questão: Quais as possibilidades e contribuições do uso das comunidades virtuais para ações inclusivas nas instituições de ensino, envolvendo discentes com algum tipo de limitação visual?

E, por último, está o capítulo intitulado Desafios da escola para a educação no ciberespaço, no qual Márcia Fink nos convida a refletir, diante do contexto do movimento tecnológico, sobre o espaço da sala de informática como um suposto lugar para o ensinar e o aprender, cujos movimentos desse processo se dão em contextos cada vez mais múltiplos e complexos.

Para finalizar, gostaria de parabenizar toda a equipe de organização do livro e, igualmente, a cada um dos autores pela grande contribuição no debate que suscitam. Tenho a convicção de que cada leitor e cada leitora vai encontrar contribuições importantes para o aprofundamento de pesquisas sobre os temas aqui trabalhados, mas, sobretudo, serão desafiados a renovar suas esperanças em uma educação humanizadora diante do contexto em que vivemos, onde é fundamental a denúncia e o anúncio de que um mundo mais belo, justo e feliz é possível e necessário.

Grande abraço a todos e boa leitura!

Porto Alegre, primavera de 2014

 
 

Apresentação à 2ª edição

Márcia Adriana Rosmann
Leonardo Matheus Pagani Benvenutti
Luisa Cadorim Facenda

(Organizadores)
Outono de 2021

Reeditar este livro Dimensão(ões) da prática docente nas licenciaturas – constituição identitária e leituras de Paulo Freire após quase uma década de sua publicação e justamente no ano em que comemoramos o centenário do nascimento de Paulo Freire é mais do que um desafio, é também alegria e seriedade por estarmos à frente da agenda de lutas pela manutenção do reconhecido patrono da educação brasileira, disseminando, e mais, recriando a sua obra. Paulo Freire vive!

Enquanto profissionais da educação, desde uma perspectiva de existência e resistência, posicionamos-nos inteiramente em defensa do diálogo fraterno e problematizador, constituidor da humanidade no ser, capaz de construir a permanente humanização de homens e mulheres. Tais habilidades e virtudes educacionais são especialmente necessárias em tempos estranhos, como os da contemporaneidade, que nos vem impondo vários desafios. Para vencê-los, seguiremos estimulando um diálogo que suscite "certa compreensão ético-crítico-política da educação", isso porque O diálogo, e "somente o diálogo que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo. Sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação".

Reeditar este livro em homenagem a Freire é, portanto, defender o seu legado, é lutar contra certas hegemonias e conjunturas de vieses retrógrados tanto no Brasil quanto na América Latina. É, também, esperançar por dias melhores e por uma sociedade igualitária. Não se trata de pura espera, mas de ir em frente porque queremos fazer diferente e de fazer a diferença. Trata-se de um reencontro com a Pedagogia do Oprimido, em defesa da vida dos povos, com o nobre fim de minimizar sofrimentos e mobilizar as pessoas por seus próprios direitos e soberania. Por que esperançar? Para que não percamos o sentido da vida quando a sua dureza nos queira amedrontar e castigar!

A compreensão do mundo para a sua transformação transpassa a problematização teórico-prática, portanto práxis, e vai além da instrumentalização ética e estética dos sujeitos diante de barbáries, ligeiramente intencionais de governos e lideranças de ocasião, a propósito do que ocorre na atualidade. Para entender e combater tais circustâncias é oportuna a leitura de cada um dos quinze capítulos deste livro. A ideia foi problematizar diversos temas em torno da formação e da práxis educativo-crítica. Como educadores, esperamos que os leitores encontrem nestas páginas estímulos à reinvenção do pensamento freireano, à mobilização das classes populares, dos coletivos todxs e dos movimentos sociais, e, à sua maineira, e a seu tempo, articulem-se em diferentes frentes de resistência ao retrocesso educativo no Brasil.

Recriar Freire, mantê-lo na agenda da educação e dar cada vez mais destaque a sua grande obra tem sido muito importante à qualificação dos processos educativos. O devir de seu pensamento teórico-epistemo-metodológico faz-nos igualmente grandiosos, já que a nossa condição no mundo não é neutra: o que somos resulta da dialética entre nossa subjetividade e o mundo objetivo. Tomar consciência disso é abrir caminho ao pensar crítico e ao agir responsável diante do mundo da vida.
Paulo Freire nos presenteou com as suas mais significativas construções intelectuais acerca da educação e do mundo da vida de sujeitos das classes populares, do Brasil e além de suas fronteiras. O que temos a fazer é dar visibilidade às suas considerações teóricas, desde a Pedagogia do Oprimido até a Pedagogia da Indignação (a sua obra póstuma), porque elas simplesmente habilitam a que nos orientemos em meio a cada situação intempestiva, especialmente as deliberadamente produzidas pelos opressores.

Finalmente, fica o desejo de que a nossa estada neste mundo seja transpassada pelas mais belas formas de amar ao próximo e à natureza. Que estejamos sempre com um largo riso e embebidos da seriedade necessária à qualificação cada vez mais acentuada de nossa práxis pedagógica. Que nossas marchas continuem latentes e aspirem sempre por sociedades mais justas, fraternas e humanamente melhores. "Os oprimidos, nos vários momentos de sua libertação, precisam reconhecer-se como homens, na sua vocação ontológica e histórica de ser mais". Que todos e todas, mulheres e homens, reconheçam-se humanos diante da própria história!

 
 

Sumário

Prefácio à 1ª edição (Os organizadores)  /  5
Apresentação à 1ª edição (Prof. Jaime José Zitkoski)  /  15
Apresentação à 2ª edição (Os organizadores)  /  21

Capítulo I - Pedagogia do oprimido na atualidade: opressão e libertação na sociedade pós-moderna
Eldon Henrique Mühl e Elisa Mainardi  /  25

A pedagogia do oprimido como práxis social crítica  /  27
O desenvolvimento crítico do saber nativo como desafio científico  /  34
A opressão e a libertação na sociedade atual  /  39

Capítulo II - Trabalho, precarização e educação: da indignação à rebeldia libertadora
Evandro de Godoi  /  45

O trabalho – especificidade humana e trabalho no capitalismo  /  47
Trabalho e precarização: implicações para a organização
dos trabalhadores da educação  /  50

Capítulo III - Tecendo uma rede de significações nas identidades de professores
Luciane Spanhol Bordignon  /  59

A rede de significações  /  60

Capítulo IV - Dimensão(ões) da prática docente nas licenciaturas: a formação entre a teoria e a prática
Márcia Adriana Rosmann  /  79

Identidade(s) e saber(es) docente(s) em construção  /  81
Docência: permanente profissionalização  /  87
Considerações sobre a docência na contemporaneidade  /  89

Capítulo V - Formação identitária docente: caminhos do ser mais
Leonardo Matheus Pagani Benvenutti  /  93

Objetivos sociopedagógicos da docência  /  94
Posicionamentos e possibilidades da formação identitária docente  /  96
Relações entre tecnologia e educação  /  100
O legado freireano  /  103

Capítulo VI - Formação de professores na perspectiva freireana: saberes, desafios e mudança
Luisa Cadorim Facenda  /  109

Desafios e tensões na educação brasileira  /  111
Alguns conceitos da obra de Paulo Freire  /  122
Formação de professores inicial e continuada na perspectiva freireana  /  124

Capítulo VII - Estágio e docência: perspectivas para a profissionalização do acadêmico em formação
Cleitom José Richter  /  127

Por que observar e compartilhar a docência?  /  128
Projetos de estágios: fundamentais  /  134
Estágio e docência: teoria e prática em diálogo  /  137

Capítulo VIII - Integração curricular, formação e prática docente em um curso de licenciatura
em Computação
Adão Caron Cambraia e Lenir Basso Zanon  /  143

A integração curricular no contexto da licenciatura de computação  /  144
A pesquisa-ação na formação continuada de professores de computação  /  150

Capítulo IX - A pedagogia da autonomia em um curso de licenciatura em Química
Rudião Rafael Wisniewski  /  159

Capítulo X - Formação docente: processo de subjetivação pela leitura
Adriana Toso Kemp  /  177

Linguagem e subjetividade  /  178
A leitura como experiência formadora  /  186

Capítulo XI - Políticas públicas e a importância do letramento
Marcia Juliana Dias de Aguiar  /  197

As políticas nacionais e internacionais para a educação  /  198
O letramento  /  208

Capítulo XII - Mulheres e o analfabetismo: as condições de políticas de inclusão social
Marileia Gollo de Moraes e Maria Simone Vione Schwengber  /  215

Processos de realização da pesquisa  /  218
Mulheres das classes populares e alfabetismo funcional  /  221

Capítulo XIII - Pressupostos para uma educação inclusiva,com base em Freire e Vigotski
Silvana Matos Uhmann  /  231

Aspectos dialógicos e interativos na valorização da diversidade humana  /  232
Algumas considerações  /  247

Capítulo XIV - Comunidades virtuais inclusivas: acessibilidades na perspectiva de alunos com limitações visuais
Eduardo Dalcin  /  253

O papel da comunidade na escola  /  254
Comunidades virtuais  /  256
Resultados preliminares  /  265

Capítulo XV - Desafios da escola para a educação no ciberespaço
Márcia Fink  /  271

A presença do ciberespaço na escola  /  273
A escola e as tecnologias: suas implicações no ensino  /  279
Para não concluir  /  281

 
 

 

   
   
      


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