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Fulgores, dores e amores: respingos de uma travessia

Autor: Helena Rotta de Camargo
Págs.: 160
Edição: 1ª
Formato: 14x21 cm
Idioma: Português
Lançamento: 2011
ISBN: 9788589769853

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Texto de contracapa

Encurralada pela escuridão, ela se postava, noites a fio, sobre o peitoril da janela.

Espiava pela vidraça.Tossia para atrair minha atenção. Gesticulava querendo diálogo.
O convite me atraía como um impulso genético. Eu era refém da insônia. E a companhia da Lua, o melhor programa para as horas lúcidas da noite. Lúcidas e grávidas. Porque essas horas se revelam sempre balofas de pensamentos, ideias, inspirações.

Pois bem, o meu lero-lero com essa singular amiga  atravessava as horas, fluía da treva como água da rocha, e a empatia entre nós se aguçava, borbulhando.

O registro das nossas confabulações tornou-se para mim um mote de sobrevivência, já que a volúpia dos raios me encharcava, e sobre o travesseiro as palavras se punham a saltar. E vinham em cardume, dóceis, ofegantes, ávidas de pouso.

Para quem não sabe, a rainha da noite traz sempre o colo inchado de iguarias e os braços oferecendo surpresas...

Foi das nossas confidências noturnas que nasceram estes "respingos de uma travessia", que transportei para a presente obra, sob o título "Fulgores, Dores e Amores". O resultado foi para mim, como uma cesta de bombons orvalhados, dos mais inusitados sabores.

Apresentação

Madalena Teixeira Paim,
Mestre em Estudos Literários

Aforismos são comumente vistos como aqueles ditos populares, incansavelmente usados pelos nossos pais, nossos avós, enfim, pelos antigos, como costumamos dizer, e,  por isso mesmo, sem uma expressão particular. Não é o caso destes, elaborados com o carinho de mãos que se desdobram, no trabalho incansável de perscrutar as lembranças, de ponderar sobre os caminhos a serem tomados, e divisar os amores que a vida teima em esconder...

A autora colheu, nas lições que o tempo foi-lhe deixando, pensamentos de infinita simplicidade e sabedoria. Frutos de uma caminhada nem sempre fácil, os aforismos presentes nesta obra nos surpreendem pela limpidez e sinceridade de suas palavras. Gotas de orvalho, quando não de chuva em terra seca, trazem ao leitor a mensagem que um olhar sensível e uma mão habilidosa conseguiram captar, no decorrer dos anos.
Uma leitura que deveria ser feita aos poucos, cautelosamente, para não perdermos nenhum ensinamento precioso que, na obra, a autora partilha com seus leitores.

Pode-se afirmar, com certeza, que este livro se compara a uma taça de vinho... No degustar lento da leitura, no prazer de entrar em contato com um mundo de inexplicável beleza e sabedoria, por meio das palavras dessa escritora, que surpreende a cada nova frase que nos oferece. Em verdade, não são expressões comuns – aquelas repetidas por nossos pais e avós. São manifestações  plenas de personalidade, como o vinho que se impõe por seu sabor curado pelo tempo.

A autora soube recolher, com o passar dos anos e das experiências, a essência do bem viver. E nos oferece, num livro que se desenha uma taça, momentos de reflexão, a serem usufruídos pelos amigos de uma boa leitura.

Apenas uma atitude meditativa sobre as circunstâncias da existência, tais como se apresentaram a Dona Helena, poderia conduzi-la a tamanha plenitude, como se constata nestas frases, inspiradas nos momentos por ela vivenciados. Percorrendo caminhos nem sempre fáceis, a mestra e escritora encontrou tempo para transmitir-nos, com a habilidade de um poeta parnasiano, as lições aprendidas, em seu trabalho profissional, em suas realizações e em seus amores.

Os aforismos que aqui encontramos  nos abraçam carinhosamente e nos conduzem à reflexão, a fim de que aproveitemos melhor os ensinamentos que a vida nos propõe. E um deles é voltar no tempo... Ser feliz pelo reencontro, pela amizade que brota dos sorrisos e gestos, pelas palavras que afloram com leveza e fluidez...

Na leitura sôfrega que fiz de FULGORES, DORES E AMORES, encontrei, já próxima do final, aquela frase que tão bem define a trajetória de minha antiga professora, Dona Helena: “Um dos caminhos da felicidade consiste em semear afetos e colher amigos. E esta obra literária não passa disso: estou semeando!”

Jamais sonharíamos, a professora e eu, décadas atrás, nos tempos do Ginásio Nossa Senhora Aparecida, que nos reencontraríamos, a mestra e a discípula, como amigas e parceiras de trabalho. A ex-aluna continua a admirar, não  mais a professora dedicada, e sim a escritora profícua. E este caminho de felicidade só foi possível por aquilo que Dona Helena tanto semeou, em sua trajetória de vida e em sua profissão: amor!

Nesta coletânea de preciosos aforismos, frutos de sua vida e seu trabalho, a escritora se revela em fragmentos de sabedoria, que seus leitores poderão, não apenas apreciar, mas, sobretudo, assimilar.

Conceitualmente, os aforismos sugerem saberes populares, que fluem da boca do povo. Entretanto, a autora deste livro buscou, nos caminhos percorridos, nas batalhas enfrentadas, nos feitos realizados e nos amores vividos, as mensagens gravadas pelo tempo, transcrevendo-as, de forma leve e irretocável.

Como os poetas parnasianos, a escritora não se satisfez com um simples relato das lições que a vida lhe deixou. Mas burilou os ensinamentos de tal forma, que o leitor, fascinado, é conduzido a uma sôfrega degustação dessas experiências. Pois cada um dos aforismos refere uma passagem vivenciada pela autora e eternizada por seu registro, neste precioso trabalho.

Mil aforismos! Pode parecer muito! Não para Dona Helena que, com maestria, encanta a cada novo pensamento, a cada nova palavra, a cada nova e singular conceituação...

 

 
 

 

   
   
      


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